Nokia Bell Labs lança a tecnologia Natural-Language Networks

Já pensou em configurar redes apenas ditando alguns comandos? Pois é, uma pesquisa realizada pela Nokia Bell Labs deu um importante passo na direção de tornar as redes verdadeiramente autônomas por meio do que denomina Natural-Language Networks. A inovação permitirá operar redes por meio de diálogos ou mesmos comandos de texto simples. Segundo os pesquisadores, as redes vão compreender a intenção dos usuários e terão inteligência para agir de acordo, de forma autônoma.

As Natural-Language Networks pretendem eliminar a complexidade do gerenciamento desses ambientes e também possibilitar respostas mais rápidas às demandas dos usuários. A tecnologia usa Inteligência Artificial (IA) para facilitar a configuração e manutenção das redes.

O processamento de linguagem natural e os modelos de IA e aprendizado de máquina (ML, na sigla em inglês) interpretam solicitações simples de voz ou texto para alocar automaticamente a combinação certa de recursos. Além disso, as redes de linguagem natural aprendem continuamente com as ações, otimizando os processos a cada solicitação e ganhando mais capacidade para se antecipar às demandas dos serviços e aplicações, adaptando-se sem qualquer intervenção humana.

 “Não será mais preciso ler catálogos técnicos ou descrições complexas de APIs para configurar redes. Em vez disso, uma fala simples do tipo ‘otimize a rede no local X para o serviço Y’ funcionará muito bem. Essas solicitações podem ser usadas, por exemplo, para configurar uma rede sem fio em uma fábrica para automação de robôs ou para otimizar redes em um evento que receberá uma enxurrada de posts de mídia social”, explica Csaba Vulkan, líder de pesquisa em automação de sistemas de rede do Nokia Bell Labs.

As redes baseadas em linguagem natural são um componente de uma iniciativa de pesquisa do Nokia Bell Labs chamada UNEXT. O projeto, cujo nome é uma homenagem ao lendário sistema operacional UNIX inventado pela Bell Labs, tem como intenção redefinir software e sistemas de rede da mesma forma que o UNIX remodelou a computação, facilitando a integração segura de qualquer coisa em uma rede e transformando a própria rede em um sistema operacional.

“As redes de linguagem natural é uma prévia de um dos muitos recursos do UNEXT. A menor complexidade do gerenciamento das redes se ajusta perfeitamente ao objetivo da UNEXT de ampliar o alcance dos sistemas em rede, eliminando barreiras que impeçam a interoperabilidade desses sistemas”, explica Azimeh Sefidcon, chefe da área de sistemas de rede e pesquisa de segurança do Nokia Bell Labs.

O Nokia Bell Labs demonstrou a tecnologia em uma prova de conceito pela primeira vez no Brooklyn 6G Summit, realizado entres os dias 31 de outubro a 2 de novembro em Nova York (EUA).

Mais sobre o UNEXT

Acrônimo de Unified Networking Experience (ou Experiência de Rede Unificada), o UNEXT é um sistema operacional interativo e autogerenciado que trata cada elemento da rede como uma entidade independente, quebrando barreiras de interoperabilidade desses elementos. Na opinião do Nokia Bell Labs, o UNEXT será uma nova etapa na evolução do software de rede, transformando efetivamente a própria rede em um sistema operacional. A organização afirma que UNEXT e UNIX têm mais semelhanças do que simplesmente seus nomes e devem ter o mesmo impacto duradouro no universo da computação.

A expectativa é que o UNEXT seja fundamental na era 6G, conectando muitos sistemas e díspares necessários para as aplicações do futuro, desde robôs e veículos autônomos até o metaverso e realidade virtual. Ao encurtar as lacunas entre fornecedores, normas e operadores, o UNEXT ajudará a fundir as realidades digitais e físicas, prevê Nokia Bell Labs.

Uma das principais características do UNEXT é ser um sistema operacional interativo e autogerenciado para usuários e aplicações com recursos distribuídos por ambientes heterogêneos e proprietários. As seis áreas de foco do UNEXT são:

1. Serviços autônomos: O UNEXT oferecerá automação e autonomia em todas as fases do ciclo de vida dos serviços.
2. Serviços de dados e conhecimento: A inteligência distribuída no UNEXT afetará tudo o que a rede toca, criando automaticamente processos para operações ágeis de dados e aprendizado de máquina, bem como geração de conhecimento e contexto.
3. Simbiose rede-aplicações: O UNEXT vai melhorar o desempenho das aplicações e a eficiência da rede usando interações dinâmicas.
4. Serviços de computação estendidos: O UNEXT orquestrará recursos de computação heterogêneos, da nuvem às bordas, passando pelos dispositivos.
5. Ambientes descentralizados: O UNEXT também orquestrará de forma segura e confiável dispositivos, componentes, entidades e atores heterogêneos.
6. Dinâmica do sistema E2E: O UNEXT vai capturar as propriedades desejadas, como confiabilidade, segurança e escalabilidade, de ponta a ponta e eliminar automaticamente as propriedades indesejadas.