Vodafone se associa à Microsoft para investir em plataforma IoT

CEO do Grupo Vodafone, Margherita Della Valle, e CEO da Microsoft, Satya Nadella.
Sheila Zabeu -

Janeiro 25, 2024

O grupo britânico de telecomunicações Vodafone assinou um acordo estratégico de 10 anos com a Microsoft por meio do qual, entre outras iniciativas, vai ajudar os negócios associados à plataforma global de conectividade de Internet das Coisas (IoT) da operadora.

A Microsoft pretende investir nessa plataforma IoT gerida pela Vodafone, que deverá dar origem a uma unidade de negócios separada e autônoma até abril de 2024. A expectativa é que a nova empresa atraia novos parceiros e clientes, impulsionando o crescimento da plataforma da Vodafone e aplicações para conectar mais dispositivos, veículos e máquinas. A Vodafone também planeja se tornar parte do ecossistema Azure, tornando sua plataforma IoT disponível para uma vasta comunidade de desenvolvedores usando APIs abertas. Atualmente, a plataforma conecta 175 milhões de dispositivos em todo o mundo, segundo números da empresa.

Judson Althoff, diretor comercial da Microsoft, afirmou em entrevista à CNBC que a força da Vodafone no campo da Internet das Coisas e serviços financeiros é estrategicamente importante. “Os ativos da IoT são essenciais para nos ajudar a atender às necessidades de sustentabilidade de muitos de nossos clientes em setores mais difíceis”, disse o executivo.

Essa parceria contempla outras áreas além da Internet das Coisas. As duas empresas vão trabalhar em conjunto para transformar a experiência dos clientes da Vodafone utilizando os recursos de Inteligência Artificial (IA) Generativa da Microsoft.  A Vodafone vai investir US$ 1,5 bilhão nos próximos 10 anos em serviços de nuvem e de IA com foco em seus clientes, desenvolvidos em conjunto com a Microsoft. Por sua vez, a Microsoft vai utilizar os serviços de conectividade fixa e móvel da Vodafone.

O acordo também prevê o desenvolvimento de novos serviços digitais e financeiros para empresas, especialmente as de pequenos e médio portes na Europa e na África, e reformular a estratégia de nuvens da Vodafone para data centers usando o Microsoft Azure a fim de aprimorar a capacidade de atendimento aos clientes e reduzir custos operacionais.

Spin-off da unidade de IoT

Rumores envolvendo a intenção da Vodafone de tornar independente sua unidade de Internet das Coisas (IoT) não vem de hoje. Em 2022, a Vodafone já era considerada exemplo de sucesso nesse universo, tomando decisões, fazendo aquisições e estabelecendo parcerias inteligentemente ao longo dos anos, inclusive no Brasil, segundo analistas.

Apesar dessas iniciativas, a Vodafone não conseguiu superar o patamar de 2% de suas receitas de serviços a partir dos negócios de IoT em 2021. Daí começaram a surgir rumores de que o spin-off seria um possível solução. Já naquela data, a firma de análises de mercado Omdia não acreditava que a Vodafone abriria mão completamente dos negócios de IoT ou criaria uma nova organização na qual teria papel limitado. Mais provavelmente, fundaria uma nova empresa na qual seguiria sendo parte interessada significativa.

Em maio de 2023, novos rumores citaram uma possível venda da participação da Vodafone de até 49% de sua unidade braço de Internet das Coisas. A empresa de consultoria Akira Partners teria sido contratada pela Vodafone para apresentar ofertas de venda a fim de atrair o interesse do capital privado.

Não sabemos se essa iniciativa foi o que atrai a atenção da Microsoft. A verdade é que, de uma forma ou de outra, parece que o spin-off ocorrerá ainda na primeira metade de 2024.

Retrospectiva

No início de 2024, a IoT Analytics, analista de mercado e de inteligência estratégica relacionados aos negócios de Internet das Coisas, compilou os principais acontecimentos do ano passado nesse segmento.

De modo geral, pode-se dizer que o mercados de IoT em 2023 se manteve estável, com o número de dispositivos IoT conectados atingindo cerca de 16,7 bilhões. A relevância pública do termo “IoT”, que atingiu seu pico no primeiro trimestre de 2022, continuou atraindo forte interesse, também se mantendo em torno de 10% a 20% abaixo do patamar citado. Notou-se, no entanto, que o termo “IoT” na divulgação de resultados financeiros das empresas teve uma queda de 16% quando comparados os quartos trimestres de 2023 e 2022. Na avaliação da IoT Analytics, “IoT” deixou de ser apenas um termo da moda para passar a crescer silenciosamente.

Especificamente no campo das plataformas IoT, tornou-se realidade em 2023 o anúncio do Google feito em agosto de 2022 de que encerraria seu serviço Google IoT Core dentro de um ano. Em seu site, o Google lista alguns fornecedores que podem prestar serviços semelhantes. Por outro lado, os concorrentes Microsoft e AWS expandiram seus serviços IoT na nuvem em 2023. Outras empresas também fazer parte do mercado.