Sateliot recebe investimentos de € 6 milhões do Santander

A startup espanhola Sateliot recebeu um financiamento de € 6 milhões do Banco Santander que será destinado para acelerar o desenvolvimento tecnológico de seus satélites de órbita terrestre baixa (LEO, na sigla em inglês) com cobertura 5G para Internet das Coisas (IoT). Em 2024, a empresa deverá deve lançar quatro novos satélites.

Esse financiamento se soma a duas outras injeções de capital recentes, totalizando € 13,5 milhões em menos de um ano, segundo a Sateliot. “Essas três operações demonstram a confiança que bancos de primeira linha, áreas públicas regionais e outros grupos têm depositado em nós. Com isso, criamos uma parceria estratégica que fortalece nossa liderança na primeira constelação de satélites 5G-IoT”, afirma Jaume Sanpera, CEO e cofundador da Sateliot.

O próximo passo estratégico da Sateliot será dar início a um financiamento de série B para 250 nanossatélites 5G, com lançamento de mais 64 nos próximos 18 meses. Segundo a Sateliot, já foram garantidos acordos com operadoras globais de telecomunicações e empresas do setor, ampliando encomendas vinculativas no valor de mais de € 150 milhões.

Em julho do ano passado, Sateliot e Telefónica, por meio das divisões Telefónica Tech e Telefónica Global Solutions (TGS), realizaram com sucesso testes para ampliar o alcance das redes celulares 5G da Telefónica por meio de satélites e com base no roaming padrão GSMA. Foi usado um cartão SIM normal provisionado na plataforma Kite da Telefónica Tech em um dispositivo IoT com conexão celular, alternando-o perfeitamente para a rede da Sateliot.

O teste também apresentou a implementação do ‘Store & Forward’, método de autenticação em duas etapas desenvolvido e patenteado pela Sateliot para realizar roaming com operadoras de rede móvel e adaptado a redes não terrestres em órbita terrestre baixa (NTN LEO).

Fundada em 2018 na cidade de Barcelona, na Espanha, a Sateliot é uma operadora de telecomunicações via satélite com foco na oferta de serviços para o universo da Internet das Coisas usando o protocolo 5G NB-IoT. Nas palavras da própria Sateliot, sua constelação LEO funcionará como torres de celular no espaço, permitindo alternar facilmente entre redes 5G em solo e no espaço sem a necessidade de hardware adicional. A empresa já intermediou acordos de roaming com operadoras de telecomunicações, o que significa que será possível manter os atuais cartões SIM. O primeiro satélite da constelação da Sateliot foi lançado em abril de 2023.

IoT e conectividade 5G via satélite

Na visão da Sateliot, a Internet das Coisas e a conectividade 5G por satélite formam uma dupla perfeita quando o assunto é crescimento sustentável por meio de fontes de energia renováveis.

Por exemplo, o uso de sensores IoT em painéis solares podem coletar continuamente dados sobre temperatura, geração de energia, e ângulo de inclinação e mau funcionamento e, contando com conectividade 5G via satélite, transmiti-los em tempo real para apresentar insights imediatos sobre a operação dos painéis. Contando com a ajuda dos satélites, parques de energia solar podem ser instalados mesmo nos lugares mais distantes e mantidos remotamente.

Segundo a Sateliot, a conectividade 5G por satélite quebra barreiras geográficas, criando uma rede global de sistemas interligados de energia solar. Isso pode ajudar a promover o compartilhamento eficiente de recursos energéticos renováveis entre regiões e até países e a transição mundial para fontes sustentáveis de energia.

Também no campo da logística, IoT e conectividade 5G por satélite podem ser muito úteis. A T42, especialista em soluções de rastreamento, implementará milhares de sensores 5G-IoT em contêineres de 50 empresas de logística em mais de 50 países, conectando-os aos satélites da Sateliot, para acabar com o problema de falta de cobertura em alto mar. Isso vai garantir o controle seguro das mercadorias por todo o trajeto do transporte, com dados de monitoramento sobre localização, aceleração, temperatura, umidade, impactos, inclinação, condições de iluminação e danos nos contêineres. A expectativa é que as companhias de transporte marítimo economizem € 47 bilhões anualmente.

Segundo a Sateliot, atualmente, 99% dos contêineres de transporte marítimo não são rastreados ou inspecionados devido à falta de conectividade celular e via satélite, levando a perdas por roubo de carga, adulteração, acidentes, danos, etc. Em resposta a esse cenário, as companhias de transporte marítimo estão realizando investimentos significativos para tornar 25% de seus contêineres inteligentes até 2025.