Projeto Kuiper de satélites da Amazon usará links de laser

Amazon Project Kuiper logo seen on smartphone screen.
Sheila Zabeu -

Dezembro 18, 2023

Desde o lançamento de dois protótipos de satélite de seu projeto Kuiper em outubro passado, a Amazon tem conduzido testes da rede de comunicação de ponta a ponta. Segundo e empresa, um sistema essencial nesse projeto é o sistema de links ópticos intersatélites (Optical Inter-Satellite Links – OISL), mantido até então mantido sob sigilo.

Durante os testes, os protótipos de satélite KuiperSat-1 e KuiperSat-2 mantiveram links de 100 gigabits por segundo (Gbps) em uma distância de quase 1.000 quilômetros. Com os resultados bem-sucedidos, a Amazon confirmou que os OISLs poderão ser adotados pelos primeiros satélites de produção com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2024.

“Com os links ópticos intersatélites em nossa constelação, o projeto Kuiper vai operar efetivamente como uma rede mesh no espaço”, explica Rajeev Badyal, vice-presidente de tecnologia do projeto Kuiper. “Esse sistema foi projetado na íntegra internamente para otimizar velocidade, custo e confiabilidade, e toda a arquitetura funcionou perfeitamente desde o início. Esses resultados só foram possíveis porque abordamos nossa arquitetura OISL como parte de um projeto totalmente integrado, e isso é uma prova da disposição da equipe de inventar em nome dos clientes. Estamos entusiasmados por poder oferecer esses recursos OISL em todos os satélites Kuiper já desde o primeiro dia”, completa o executivo.

O sistema OISL usa laser infravermelho para enviar dados entre satélites enquanto orbitam o planeta. Em vez de se limitar a transmitir dados entre um satélite e as antenas terrestres, o OISL permite a troca direta de dados entre satélites da uma constelação. A Amazon equipará cada satélite do projeto Kuiper com vários terminais ópticos para conectar muitos satélites ao mesmo tempo, estabelecendo ligações cruzadas de laser de alta velocidade que formam uma rede mesh segura e resiliente no espaço.

Além disso, o OISL elevará a velocidade de transferência de dados ao redor do mundo. Segundo a Amazon, a rede orbital a laser do Kuiper pode mover dados cerca de 30% mais rápido do que as redes terrestres de fibra óptica. E, como o projeto Kuiper usará os serviços e a infraestrutura da AWS para rotear tráfego de dados, será possível reduzir a latência da rede da Amazon.

Essas características do OISL serão especialmente benéficas para clientes em regiões sem uma estação terrestre próxima, por exemplo, navios de cruzeiro no meio do oceano ou uma aeronave fazendo um voo transatlântico, dando a eles a capacidade de transmitir dados com segurança de qualquer local da Terra ou do espaço através de meio de comunicação a laser.

“A rede de malha óptica da Amazon fornecerá vários caminhos para rotear dados através do espaço, garantindo resiliência e redundância para clientes que precisam enviar informações com segurança”, afirma Ricky Freeman, vice-presidente da área de soluções governamentais do projeto Kuiper. “Isso é especialmente importante para aqueles que não querem usar arquiteturas de comunicação que possam ser interceptadas ou bloqueadas”, afirma o executivo.

A primeira implantação em grande escala dos satélites do projeto Kuiper deve começar no primeiro semestre de 2024. A Amazon espera ter satélites suficientes implantados para iniciar os primeiros pilotos de clientes no segundo semestre de 2024.

A produção dos satélites será feita em uma fábrica em Kirkland, Washington (EUA); a meta é ter uma constelação de 3.236 satélites em órbita terrestre baixa (LEO), e metade deles tem de ser lançada até 2026 para cumprir os requisitos de licença da Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos Estados Unidos.

Em tempo: Em setembro passado, a Starlink de Elon Musk fez no X (ex-Twitter) uma publicação sobre sua rede mesh no espaço, com mais de 8.000 links entre satélites de sua constelação também usando a laser, com velocidade para transferência de dados de até 100 Gbps em cada link. A SpaceX começou a adicionar links ópticos intersatélites à constelação Starlink no início de 2021, inicialmente para não precisar instalar estações terrestres nos polos.

Enquanto isso…

A startup Armada está investindo em data centers portáteis para levar a Inteligência Artificial (IA) aos lugares mais remotos por meio dos satélites Starlink da SpaceX.

Em entrevista à Forbes, Dan Wright, CEO da Armada, diz que se via incomodado em constatar terabytes de dados em áreas remotas, como plataformas petrolíferas e minas remotas, sendo gerados e não explorados para gerar benefícios. Foi, então, que atravessou o ano passado desenvolvendo uma plataforma tecnológica para levar recursos computacionais poderosos para perto de dispositivos industriais e assim explorar o poder da IA. Uma grande parte disso foi construída contando com os satélites Starlink.

A solução inclui um data center portátil protegido contra intempéries em uma caixa chamada Galleon para abrigar racks de GPUs, cruciais para a execução de modelos de IA. Também traz o pacote de software Commander com ferramentas para gerenciar e se conectar à constelação Starlink e outros recursos de conectividade à Internet em áreas remotas. A Armada também oferece uma loja de aplicativos própria e de terceiros para trabalhar com dados gerados localmente.

A startup tem um Galleon funcionando em seu escritório em Seattle (EUA), onde executa aplicações de IA como demonstração.