Investimento no mercado de infraestrutura digital está em alta

Cerca de US$ 800 bilhões foram alocados em fundos privados para investimentos em data centers e infraestrutura de telecomunicações na última década, com fundos especializados em infraestrutura digital representando uma parcela maior dos recursos alocados nos últimos anos. As iniciativas governamentais, juntamente com a digitalização da economia global, abriram caminho para o crescimento do setor. Agora, a IA aponta a necessidade de expansão, segundo o PitchBook.

A digitalização da economia global exigiu um investimento maciço, levou a um rápido crescimento da demanda e se traduziu em retornos substanciais para os investidores desde a crise financeira global. Esses retornos, juntamente com a antecipação da enorme necessidade de computação da IA, coincidiram com mais dólares de investidores institucionais que buscam obter exposição à infraestrutura digital e seus ventos favoráveis.

Os data centers compatíveis com IA diferem de seus equivalentes por terem requisitos de computação e armazenamento muito mais altos e, portanto, maiores necessidades de energia e refrigeração. Entre as diferenças estruturais importantes, os datacenters compatíveis com IA geralmente são equipados com unidades de processamento gráfico (GPUs), um tipo de hardware que ajuda a acelerar o processamento paralelo.

Alguns analistas apontam que a demanda total por data centers, conforme definida pelo consumo de energia, pode chegar a 35 gigawatts (GW) até 2030 somente no mercado dos EUA. Parte disso é atribuída à IA. Prevê-se tamném que os gastos mundiais com IaaS relacionados à IA Generativa cheguem a US$ 15,3 bilhões até 2027, de acordo com dados da IDC.

Embora a IA frequentemente domine a conversa, há outros ventos favoráveis, tecnológicos e relacionados ao comportamento do consumidor, que deverão apoiar os retornos da infraestrutura digital no futuro. Por exemplo, o aumento da adoção de outras tecnologias, como aplicativos, sensores e atuadores de IoT, exigirá capacidade adicional das torres de celular e dos data centers. A continuidade do trabalho híbrido e remoto após a pandemia da COVID-19 e as normas de videoconferência que ela criou também terão efeitos duradouros na demanda por ambos os tipos de infraestrutura digital. Os níveis elevados de criação e consumo de conteúdo gerado pelo usuário em plataformas como o TikTok e o YouTube também o farão.

Além disso, além das tecnologias e tendências das quais já estamos cientes, pode haver outras mudanças tecnológicas imprevistas ou menos prováveis que aumentarão drasticamente a necessidade de infraestrutura de telecomunicações ou de data center. Por exemplo, embora existam alguns obstáculos consideráveis no caminho da implementação generalizada de cidades inteligentes ou veículos autônomos, seu impacto sobre a demanda de infraestrutura digital seria substancial.

Por isso, muitos investidores em infraestrutura privada continuam otimistas em relação à infraestrutura digital, com motivos para acreditar que outros fatores de retorno geralmente superarão as pressões de queda como a necessidade de credução do consumo de energia e de água dos data centers.

A sustentabilidade tornou-se uma consideração importante para os alocadores e gerentes de ativos nos últimos anos, pressionando os fundos de infraestrutura digital a reduzir as ineficiências e tentar resolver esses problemas. No entanto, mesmo na ausência de preferências de investimento relacionadas à sustentabilidade, a pressão sobre os suprimentos de energia e água ainda apresenta riscos financeiros, de continuidade de serviços e regulatórios em várias regiões importantes.