Hubble Network estabelece primeira conexão Bluetooth com satélites

Dois satélites lançados com sucesso em março de 2024 receberam sinais de um chip Bluetooth de 3,5 mm a mais de 600 km de distância. O feito inédito foi alcançado pela empresa Hubble Network, que descreve o marco como um avanço fundamental para as redes tradicionais que enfrentam frequentemente dificuldades com cobertura insuficiente, integrações complexas, elevado consumo de energia das baterias e custos proibitivos.

Na visão da Hubble Network, essa nova tecnologia dará a qualquer dispositivo com tecnologia Bluetooth a capacidade de se conectar diretamente à rede de satélites da empresa sem depender de redes celulares, revolucionando potencialmente o universo da Internet das Coisas (IoT). Segundo a empresa, o consumo da energia da bateria dessa solução será 20 vezes menor, e custos operacionais serão 50 vezes mais baixos. A expectativa é que essas características transformem vários setores, conectando mais de um bilhão de dispositivos em todo o mundo e abrindo novas possibilidades de inovação e eficiência.

“Nossa missão de construir a primeira rede do mundo verdadeiramente global, econômica e energeticamente eficiente deu um salto significativo com esse avanço tecnológico. Ao demonstrar que podemos enviar sinais diretamente de chips Bluetooth e recebê-los no espaço a mais de 600 km de distância, refutamos milhares de céticos que afirmavam que o que estávamos tentando era impossível”, destaca Alex Haro, cofundador e CEO da Hubble Network.

A Hubble Network já está trabalhando com projetos-piloto junto a clientes em diversos setores, como itens de consumo, construção e infraestrutura, cadeia de suprimentos e logística, agricultura, petróleo e gás e defesa. O objetivo é avaliar o potencial na área de monitoramento remoto, rastreamento de ativos e muitas outras possibilidades inexploradas baseadas em Bluetooth Low Energy (BLE).

A nova abordagem permite que os dispositivos habilitados para Bluetooth sejam adaptados para transmitir dados para a Hubble Network sem qualquer modificação no hardware. “Com quase cinco bilhões de dispositivos Bluetooth vendidos anualmente, nossa rede tem o potencial de impactar significativamente vários campos, tornando a conectividade global acessível, de baixo consumo de energia e economicamente viável”, afirma Ben Wild, cofundador e CTO Hubble Network.

A empresa pretende expandir ainda mais sua rede de satélites para aumentar a capacidade e a frequência dos sobrevoos e assim criar uma rede segura que não seja apenas global, mas também econômica e eficiente em termos de consumo de energia das baterias.

Histórico da Hubble Network

A Hubble Network foi fundada por uma equipe de especialistas em comunicações sem fio, aplicações espaciais e de IoT Industrial. Nasceu como uma startup de tecnologia espacial que visa construir uma rede global de satélites para dispositivos de Internet das Coisas (IoT) usando tecnologia Bluetooth.

No ano passado, recebeu uma rodada de financiamento Série A no valor de US$ 20 milhões. A empresa vê na IoT um imenso potencial, com capacidade para transformar e melhorar a eficiência de diversos setores de atividade e melhorar a vida cotidiana das pessoas. No entanto, apesar de suas possibilidades, as redes terrestres e de satélites atuais têm limitado a exploração desse potencial.

Já a solução da Hubble Network promete operar uma estrutura de software simples para que qualquer dispositivo Bluetooth se conecte diretamente à rede de satélites da empresa, inaugurando uma nova era de conectividade que um mundo verdadeiramente conectado, abrangendo desde cidades inteligentes e automação industrial até cuidados de saúde e agricultura, sem limites para inovar.

A Hubble Network também patenteou uma antena que pode ser lançada em um pequeno satélite, funcionando como uma lupa e permitindo que chips Bluetooth possam ser usados para se comunicar com os satélites da Hubble, de acordo com o site TechCrunch. “É essencialmente uma enorme lupa na superfície da Terra, capaz de detectar esses sinais de rádio muito fracos emitidos pelos chips Bluetooth”, explica Haro. Como resultado, sinais de rádio podem ser detectados a cerca de mil quilômetros de distância ou quase 10 ordens de magnitude em relação ao que pode ser detectado por um chip Bluetooth em redes terrestres.