Frequência e severidade das interrupções em data centers estão caindo

Com a expansão do número e do porte dos data centers para atender principalmente às demandas de novas aplicações de Inteligência Artificial (IA), é esperado que o montante de interrupções dessas instalações também aumente. No entanto, dados de um relatório do Uptime Institute revelam uma tendência de queda consistente na frequência e na severidade das paralisações observadas há vários anos.

Mais da metade (55%) dos operadores de data centers entrevistada em 2023 relatou ter experimentado interrupções nos últimos três anos, uma redução em comparação à parcela de 60% em 2022 e de 69% em 2021. Além disso, apenas uma em cada 10 interrupções em 2023 foi classificada como séria ou severa, o que representa uma melhora de quatro pontos percentuais em relação às respostas de 2022 e de 10 pontos percentuais em comparação com 2021.

Embora a frequência das interrupções tenha diminuído, o Uptime Institute alerta que não há espaço para complacência, pois as taxas ainda são preocupantes. Os elevados custos financeiros e outros prejuízos associados à reputação resultantes das interrupções em data centers ainda são uma das principais fontes de preocupação e um forte impulsionador de investimentos. Além disso, a migração para nuvens públicas não significa necessariamente que haverá menos interrupções.

Outra apreensão tem a ver com a instabilidade das redes elétricas. Há evidências de que a migração global para redes mais dinâmicas e renováveis reduzirá a confiabilidade nos sistemas, destaca a Uptime Institute. Se for esse o caso, os data centers poderão sofrer com mais interrupções, muitas vezes por conta de fontes de alimentação ininterrupta (UPS) ou geradores não responderem às paralisações de forma adequada.

Eventos climáticos extremos, como altas temperaturas, ventanias e inundações, também estão associados às interrupções nos data centers nos últimos anos. E é provável que essa tendência se intensifique, elevando os riscos de paralisações dessas instalações.

E quem diria que a adoção de novas tecnologias para elevar a resiliência e o desempenho energético dos data centers também podem trazer mais riscos de interrupções? De acordo com o relatório do Uptime Institute, o uso de resiliência distribuída baseada em software para movimentação dinâmica de tráfego e cargas de trabalho pode reduzir os riscos de interrupção ao longo do tempo, mas aumentá-los durante um período introdutório. Outro exemplo é a adoção de sistemas líquidos de resfriamento que pode mitigar alguns riscos térmicos, mas aumentar os riscos de paralisação em caso de falha de componentes.

Apesar do aumento dos fatores de risco, o relatório do Uptime Institute de 2023 sugere que a taxa de interrupções por instalação está diminuindo. O que poder estar por trás dessa tendência é que a maioria das organizações está investindo mais em redundância das infraestruturas físicas ano após ano.

Para o Uptime Institute, essa tendência contradiz as expectativas de que abordagens multisite prejudicam as estratégias de redundância de sites físicos. Embora o setor possa, de fato, estar avançando em direção a modelos de resiliência distribuídos baseados em software, manter e elevar a redundância das instalações locais continua sendo prioridade para a maioria dos operadores de data centers.

Causas das interrupções

Muitas vezes, a tarefa de identificar as principais causas das interrupções nos data centers pode ser desafiadora devido à natureza multifacetada dos incidentes.

As pesquisas anuais do Uptime Institute têm mostrado consistentemente que interrupções na distribuição local de energia são a causa mais comum, o que não é surpreendente, visto que hardware de TI é muito suscetível a variações nas fontes de energia, como flutuações de tensão em frações de segundo. Por outro lado, falhas ou baixo desempenho dos equipamentos de refrigeração são geralmente tolerados por períodos mais longos.