Programa Heat Export da Equinix leva calor dos data centers a prédios vizinhos

Cidades europeias estão encontrando maneiras criativas de usar o calor gerado pelos data centers que alimentam a IA. A mais recente instalação construída pela Equinix no subúrbio de Paris, Seine-Saint-Denis, por exemplo, manteve aquecidas as piscinas olímpicas da França. O ar quente produzido no data center, chamado PA10, é canalizado e usado como fonte de aquecimento em outro lugar para evitar que seus servidores fiquem muito quentes. E supostamente será capaz de produzir calor suficiente para manter 1.600 casas aquecidas, de acordo com Nicolas Buono, diretor sênior de operações da Equinix.

 Mas os críticos acreditam que isso desvia a atenção das crescentes demandas de energia estimuladas pela construção de mais data centers para IA, segundo reportagem da Wired. 

O que se sabe, ao certo, é que data centers estão sentados em uma mina de ouro de calor desperdiçado. O projeto PA10 mostra como esse calor pode ser reaproveitado para tudo, desde o cultivo de frutas até o aquecimento de bairros inteiros. Basta capturá-lo, transferi-lo e usá-lo. O que pode revolucionar a eficiência energética na tecnologia. 

 Tudo acontece por meio de um processo conhecido como “exportação de calor”. Convencionalmente, os operadores do data center removem o calor residual gerado pelo resfriamento dos equipamentos de TI e rejeitam esse calor na atmosfera. Em um cenário comum, os ventiladores transportam o ar aquecido pelo equipamento de TI para o sistema de ar condicionado do data center, onde esse calor é transferido do ar para a água. A água aquecida é então transportada para o sistema de resfriamento do data center. 

Agora, uma parte do calor do PA10 é transferida para um trocador de calor – uma série de placas que permitem que chegue ao sistema principal de aquecimento distrital. Em muitos casos, o operador da rede de aquecimento usa uma bomba de calor para aumentar a temperatura da água de modo que ela seja adequada às necessidades de aquecimento da comunidade. Em seguida, distribui a água aquecida por meio de tubulações subterrâneas, normalmente instaladas sob estradas e calçadas.

“Há um estudo feito pela Europeheat & Power que estimou que há cerca de 77 terawatt-hora de energia disponível na forma de calor que poderia ser capturado de data centers”, comenta Noah Nkonge, gerente sênior de Sustentabilidade e Exportação de Calor da Equinix.

Então por que não estamos fazendo algo semelhante em todos os lugares?

A Equinix afirma estar comprometida com a expansão do seu programa Heat Export onde quer que as condições locais sejam apropriadas, e haja parceiros interessados. Operadores de rede de aquecimento, concessionárias de energia e municípios locais são apenas alguns exemplos de organizações com as quais a empresa pode fazer parceria para dar vida a projetos de exportação de calor.

 A empresa implementou várias iniciativas de exportação de calor na Europa e nas Américas com projetos na França, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Suíça e Canadá. Em Toronto, por exemplo, o calor exportado do TR5, um dos data centers da Equinix na cidade, é distribuído por vários edifícios residenciais, bem como por um hotel próximo, uma universidade e um shopping center local no centro de Markham. O TR5 também atende vários edifícios com água quente durante todo o ano, graças à rede de aquecimento do parceiro de energia da Equinix, Markham District Energy.