Japonesa NTT demonstra latência ultra baixa entre data centers

A high-speed fiber optic network
Sheila Zabeu -

Maio 21, 2024

As empresas japonesas NTT Corporation e NTT Data fizeram demonstrações bem-sucedidas em dois países diferentes de conexões de latência ultrabaixa entre data centers usando a solução All-Photonics Network (APN). O objetivo da iniciativa é avaliar a transformação de infraestruturas de TI geograficamente distribuídas em equivalentes funcionais de um único data center.

No Reino Unido, foram conectados data centers ao norte e ao leste de Londres por meio da rede Innovative Optical Wireless Network (IOWN) da NTT, e a comunicação entre as instalações foi realizada com um atraso de ida e volta de menos de 1 milissegundo. Já nos Estados Unidos, data centers na Virgínia do Norte alcançaram resultados semelhantes.

As duas empresas destacam que o setor de data centers está sujeito a severas restrições em diversas localidades. Restrições de emissões e escassez de terrenos estão dificultando a construção de data centers em áreas urbanas, fazendo com que operadores recorreram a áreas em subúrbios. No entanto, data centers geograficamente distantes podem gerar latências mais altas e tornar mais difícil atender às demandas de comunicação dos clientes. Daí a validade das demonstrações da NTT Data e da NTT – transformar virtualmente data centers distribuídos em uma única instalação.

Os data centers testados no Reino Unido e nos Estavam Unidos estão separados por 89 km e 4 km, respectivamente. As medições realizadas usando links de 100 Gbps e 400 Gbps mostraram que os dois data centers conectados pela solução APN no Reino Unido operavam com menos de 1 milissegundo (aproximadamente 0,9 ms) e uma variação do atraso (jitter) de menos de 0,1 ms. De acordo com o provedor de conectividade em nuvem Megaport, o atraso típico entre data centers a uma distância equivalente é de mais de 2 milissegundos.

No caso dos Estados Unidos, o atraso foi de aproximadamente 0,06 milissegundo; a variação do atraso foi inferior a 0,05 microssegundo. Em comparação, redes convencionais com switches de camada 2 apresentam variação de atraso de alguns microssegundos a dezenas de microssegundos.

Em resumo, a solução APN reduziu a latência pela metade e o jitter em ordens de magnitude, mostrando ser capaz de atender os requisitos dos casos de uso atuais e emergentes, como análise de Inteligência Artificial distribuída e em tempo real para IoT industrial e manutenção preditiva, sistemas de vigilância inteligentes, redes inteligentes, gestão energética e resposta a desastres naturais. A NTT Data está realizando outras demonstrações no setor financeiro, que exige baixa latência para remessas, liquidações e transações.

Segundo as empresas, outra vantagem da solução IOWN é poder ser usada simplesmente adicionando comprimentos de onda, sem a necessidade de instalação de novas fibras escuras. Desse modo, os operadores de data centers poderão responder muito rapidamente às demandas dos clientes.

Outros fatores e estratégias

Vale lembrar que, além da distância, outros fatores podem afetar a latência, como largura de banda e taxa de transferência de dados (throughput).

Entre as estratégias empregadas para reduzir a sobrecarga de comunicação em data centers distribuídos estão processamento paralelo, comunicação assíncrona, balanceamento de carga, cache, algoritmos de alocação de recursos e obviamente proximidade com usuários finais.

Histórico da NTT com latência ultrabaixa

A NTT está ativamente envolvida no desenvolvimento e implementação de soluções de rede de latência ultrabaixa. Em 2022, apresentou uma tecnologia capaz de transmitir e receber vídeo no formato 8K120p não compactado por redes ópticas.  Segundo a empresa, essa tecnologia visa oferecer comunicação de vídeo de altíssima qualidade independentemente da distância, com taxas de resposta quase instantâneas também para outras aplicações além de vídeo, como negociações de altas taxas de frequência.

Mais recentemente, em parceria com a Olympus, a NTT iniciou o primeiro experimento conjunto de um sistema de endoscopia em nuvem do mundo. A solução também usa a tecnologia All-Photonics Network IOWN de latência ultrabaixa.

O sistema permitirá o processamento de imagens de endoscópios em tempo real e na nuvem, estabelecendo um modelo de referência para superar as atuais limitações de desempenho de manutenção. Segundo as empresas, isso seria difícil de conseguir com as tecnologias tradicionais de rede.