Apple está trabalhando em chip para data centers. O que se sabe até agora

Sheila Zabeu -

Maio 10, 2024

A Apple está trabalhando em processadores de Inteligência Artificial (IA) para data centers.  De acordo com matéria do jornal Wall Street Journal, o projeto da Apple é denominado ACDC – provável acrônimo para Apple Chips for Data Centers), e envolve o desenvolvimento de chips para servidores de execução de modelos de IA. Parece estar em andamento há vários anos, mas não tem um cronograma claro, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

A matéria do WSJ comenta que a Apple tem trabalhado com a Taiwan Semiconductor Manufacturing em torno do design e produção desse chip, mas nãose sabe até que ponto esses esforços produziram algum resultado positivo.

Outra especulação é que esse novo chip para servidores da Apple se concentrará provavelmente na inferência de IA e não no treinamento de modelos de IA, área já dominada pelos processadores da NVidia.

O treinamento de IA se baseia em algoritmos de aprendizagem que recebem grandes volumes de dados para produzir um modelo. Costuma envolver milhões de parâmetros e requer grande capacidade computacional. Já a inferência de IA usa esses algoritmos treinados para fazer previsões ou classificações a partir de novos conjuntos de dados. O objetivo é aplicar no mundo real o conhecimento aprendido na fase de treinamento e ajudar na tomada de decisões ou previsões. De modo geral, a inferência não exige o mesmo patamar de infraestrutura e recursos computacionais necessário no treinamento.

Apple na corrida da IA

As iniciativas da Apple associadas à IA Generativa ainda têm sido tímidas em relação às de seus pares no universo tecnológico, como OpenAI, Google, Microsoft e Meta. No entanto, especialistas acreditam que, em breve, a empresa poderá alcançar os concorrentes, principalmente contando com investimentos anuais na casa de US$ 1 bilhão em soluções de IA Generativa, de acordo com a Bloomberg.

“A Apple é uma empresa de tecnologia com bons recursos e capaz de competir em qualquer área que pretenda investir. Já conta com um bom grupo de cientistas na área de IA, então a questão principal é quanto tempo levará e como isso se ajustará ao seu atual modelo de negócios – que é bastante diferente dos de seus concorrentes em IA Generativa”, afirmou Michael Kearns, professor da Escola de Engenharia da UPenn, em uma entrevista ao site AI Business.

Por exemplo, a Apple incorpora recursos de IA em seus produtos, como assistentes digitais, aprimoramento de fotos, correção automática e tantos outros, mas ainda não lançou nenhum produto genuinamente para IA Generativa, ao contrário de seus concorrentes.

Segundo a Bloomberg, a Apple já tem sua própria estrutura de modelos de linguagem chamada Ajax e está trabalhando internamente em um chatbot conhecido como Apple GPT. Parece que, até agora, essas inovações de IA não foram integradas em nenhum de seus produtos, mas estão sendo exploradas possibilidades com vários integrantes do ecossistema Apple, como Siri, Messages e Apple Music.

A expectativa é que a estratégia da Apple para IA que deve ser apresentada na próxima Conferência Mundial de Desenvolvedores (WWDC) da empresa a ser realizada em junho. Tim Cook, CEO da Apple, mencionou em fevereiro passado que a empresa está “investindo significativamente” em IA e deu sinais de um possível anúncio “ainda este ano”, fazendo com que muitos analistas acreditem que isso acontecerá na WWDC.

Como construir modelos de IA Generativa é caro e complexo, mesmo para uma empresa como a Apple, podemos vislumbrar um cenário em que algumas grandes empresas os criem, deixando para outros desenvolvedores ajustar esses modelos para usos específicos, explicou Kearns. Será que veremos da parte da Apple, então, um rico ecossistema de desenvolvedores criando aplicativos baseados nesses poucos modelos de IA Generativa, à moda da Apple Store?

A Apple poderia liderar no universo da IA aprimorando a experiência dos usuários, não apenas se concentrando na tecnologia, como já fez no passado com telefones celulares e consumo de música, conforme observou Iliya Rybchin, sócio da Elixirr Consulting, em entrevista.

Façam suas apostas…