Nokia Bell Labs vai ajudar a estabelecer redes na superfície da Lua

Pode parecer ficção científica, mas uma economia na Lua já está mais perto da realidade do que imaginamos. Prova disso é que o Nokia Bell Labs, braço de pesquisa da Nokia, foi uma das 14 organizações escolhidas para participar da iniciativa LunA-10 do DARPA, agência dos Estados Unidos responsável por fazer investimentos em tecnologias inovadoras voltadas segurança nacional. A meta principal do estudo LunA-10 é projetar uma arquitetura multisserviço integrada para apoiar uma economia próspera na Lua já a partir da próxima década. O LunA-10 desenvolverá a infraestrutura fundamental para apoiar atividades industriais e descobertas científicas.

O DARPA selecionou 14 empresas de diversos setores de atividade para cooperar no LunA-10. A Nokia se concentrará no projeto de futuras arquiteturas de rede e tecnologias de comunicação na superfície lunar. Segundo a Nokia, a empresa foi escolhida não apenas por sua atual missão de construir a primeira rede celular na Lua, mas também pela longa história do Nokia Bell Labs em inovação espacial que remonta ao Programa Mercúrio, primeiro projeto de voo espacial tripulado com humanos dos Estados Unidos realizado entre 1958 a 1963.

“Uma grande mudança de paradigma ocorrerá nos próximos 10 anos em termos de economia lunar. Para realizar essa transformação mais rapidamente, o projeto LunA-10 vai identificar soluções que possam viabilizar sistemas lunares multimissões”, afirma Dr. Michael “Orbit” Nayak, gerente de programas da unidade de tecnologias estratégicas do DARPA. Ele exemplifica a aplicação dessas tecnologias citando uma estação elétrica sem fios que também poderá prestar serviços de comunicação e navegação em seus feixes.

O Nokia Bell Labs trabalhará em conjunto com as demais 13 empresas visando o estabelecimento de uma economia comercial integrada na Lua e ficará responsável especificamente por recomendar uma infraestrutura de comunicação de alto desempenho que possa ser transportada e construída de forma eficiente na superfície lunar usando fontes de energia confiáveis.

O LunA-10 quer selecionar empresas que tenham uma visão clara e um plano de negócios tecnicamente rigoroso para prestar ou usar um, ou mais serviços lunares e, em seguida, estimulá-las a trabalharem juntas em um ambiente colaborativo no qual vão projetar novas soluções integradas.

As áreas principais de estudo do LunA-10 são trânsito/mobilidade, energia, comunicação e outros conceitos de infraestrutura orbital ou de superfície. A iniciativa não financiará a construção nem o transporte das arquiteturas tecnonólogicas para a superfície lunar. Também não custeará a integração com veículos lunares. No entanto, o DARPA cogita apresentar informações econômicas a todas as equipes do LunA-10 para ajudar na análise e na validadação das definições de uma massa crítica para criar uma economia lunar próspera.

A expectativa é de que, em meados de 2024, o LunA-10 já tenha um plano abrangente para estabelecer até 2035 a infraestrutura que apoiará operações comerciais na superfície lunar e ao redor dela. As redes propostas vão permitir, por exemplo, que astronautas se comuniquem livre e diretamente com o controle da missão na Terra. Também vão transmitir dados de vídeo e telemetria de câmeras e sensores espalhados pela Lua e integrados nos trajes, veículos, estruturas e experimentos científicos no espaço. Além disso, vão garantir a conectividade necessária para controlar robôs e automatizar tarefas de risco na superfície lunar.

Segundo Thierry E. Klein, presidente do Nokia Bell Labs Solutions Research, o DARPA teve participação direta em alguns dos avanços tecnológicos mais significativos dos últimos 50 anos, como a criação da Internet e dos sistemas do GPS. “Estamos entusiasmados para participar no próximo empreendimento revolucionário do DARPA e ajudar a moldar a infraestrutura para a economia lunar. Expandir as fronteiras tecnológicas está no DNA do Bell Labs e, ao criar o modelo de soluções de comunicação para a Lua, ajudaremos a estabelecer as bases para a presença humana permanente na superfície lunar”, acrescenta Klein.

Além da iniciativa LunA-10, a Nokia vai implementar, como parte da iniciativa Tipping Point da NASA, a primeira rede celular na Lua em 2024 para demonstrar que a tecnologia 3GPP consegue atender às demandas de comunicações de futuras missões na Lua e em Marte.