Starlink lança primeiros satélites com recurso Direct to Cell 

STARLINK DIRECT TO CELL - Seamless access to text, voice, and data for LTE phones across the globe
Sheila Zabeu -

Janeiro 04, 2024

No segundo dia de 2024, o foguete Falcon 9 da SpaceX lançou, a partir do Complexo de Lançamento Espacial 4 East (SLC-4E) na Base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia (EUA), 21 satélites Starlink até a órbita baixa da Terra com transmissão ao vivo em um webcast. Desse conjunto, seis satélites terão o recurso Direct to Cell. Esse primeiro lançamento de 2024 também incluiu 15 satélites Starlink V2 mini para conexão de banda larga.

O sistema Direct to Cell permitirá que operadoras de redes móveis em todo o mundo garantam acesso contínuo inicialmente a mensagens de texto e, nos próximos anos, cobertura de voz e dados, sem alterar nenhum hardware ou firmware. 

Os satélites Direct to Cell da Starlink possuem um modem avançado que atua como uma torre de celular no espaço, eliminando zonas mortas com integração semelhante a um parceiro convencional de roaming.

Segundo a Starlink, entre os provedores de sistemas de celular que usarão recursos do Direct to Cell estão T-Mobile nos Estados Unidos, Rogers no Canadá, KDDI no Japão, Optus na Austrália, One NZ na Nova Zelândia, Salt na Suíça e Entel no Chile e Peru. Inicialmente, os serviços Direct to Cell serão testados nos Estados Unidos e futuramente, além de voz e dados, também vão se conectar a dispositivos da Internet das Coisas (IoT), por exemplo, para uso em sistemas agrícolas, monitoramento ambiental e combate de incêndios em áreas remotas.

Durante o webcast, Kate Tice, gerente sênior de engenharia de sistemas de qualidade da SpaceX, comentou que s novos satélites Direct to Cell serão mais brilhantes do que a versão anterior dos satélites de banda larga Starlink V2 mini, mas a SpaceX deverá medir o brilho desses novos satélites e trabalhar para produzir modelos que interfiram menos nas atividades de astrônomos.

Em novembro passado, a SpaceX apresentou à FCC (Federal Communications Commission) dos Estados Unidos uma solicitação de licença experimental por 180 dias a partir de 10 de dezembro de 2023 para testar satélites de órbita não geoestacionária de segunda geração com cargas úteis de comunicação direta para celular, voltada a conectar telefones celulares não modificados diretamente aos satélites SpaceX Gen2. Ao longo desse período, a SpaceX planeja operar cerca de 840 satélites com esse tipo de carga útil. Esse lançamento, previsto originalmente para meados de dezembro, sofreu atrasos, sendo realizado apenas no segundo dia de 2024.

Em outubro passado, a SpaceX também apresentou à União Internacional de Telecomunicações (ITU) um pedido para operar uma constelação de cerca de 30 mil satélites em 288 planos orbitais e variadas altitudes entre 350 km e 614 km. A rede, denominada ESIAFI II, planeja utilizar frequências de banda W para serviços fixo e móvel por satélite. A solicitação foi feita por meio da ilha de Tonga, na região do Pacífico, como base regulatória.

Sobre o lançamento dos satélites Direct to Cell, Elon Musk fez comentários na plataforma X (ex-Twitter), afirmando que os satélites “oferecerão conectividade de telefonia móvel em qualquer lugar da Terra”, mas destacou haver limitações tecnológicas. “Suporta apenas ~7Mb por feixe, e os feixes são muito grandes, portanto, embora seja uma ótima solução para localidades sem conexão celular, não é muita competitiva em comparação as atuais redes celulares terrestres”, disse Musk.

AST SpaceMobile e Lynk Global são outras duas empresas que exploram tecnologia semelhante ao Direct to Cell da Starlink. 

A SpaceX lançou seus primeiros 60 satélites Starlink em 2019. Em novembro de 2023, o Falcon 9 já totalizava 5.420 satélites lançados, segundo o site Statista. Musk afirmou que aspira ter uma constelação com 42.000 satélites Starlink

A SpaceX, fundada em 2002, estava avaliada em cerca de US$ 175 bilhões em dezembro de 2023. No mesmo período, a Forbes apontou Musk como a pessoa mais rica do mundo, somando aproximadamente US$ 245 bilhões.