Armazenamento em data centers pode contribuir para descarbonização

Servers data center room
Sheila Zabeu -

Dezembro 26, 2023

Você já parou para pensar que atingir metas de emissão de carbono e também de eficiência operacional nos ambientes de data centers não são incompatíveis e, mais ainda, podem ser baseadas nas mesmas tecnologias?  Um artigo publicado pela MIT Technology Review em parceria com a Hitachi destacou como as iniciativas de descarbonização dos sistemas de armazenamento em data centers também podem ser uma plataforma moderna para inovação nos negócios.

O estudo destaca que, embora tenha havido muitas medidas para ampliar a adoção de fontes de energia renováveis e a implantação de hardware e software energeticamente mais eficientes, ainda é preciso acelerar os esforços de sustentabilidade dos data centers, já que estão se tornando um consumidor voraz de energia. A Agência Internacional de Energia (IEA) atribui cerca de 1,5% do uso total de eletricidade no mundo a data centers e redes de transmissão de dados, no entanto esse número é muito maior em alguns países com serviços de dados em expansão, como Irlanda (18%, em 2022) e Dinamarca (deverá atingir 15% até 2030).

Para ajudar na empreitada da sustentabilidade, a Hitachi Vantara estima que as emissões atribuíveis aos sistemas de armazenamento de dados podem ser reduzidas em até 96% usando uma abordagem que combine novas fontes de energia, modernização da infraestrutura física, automatização de fluxos de trabalho e atualização das ferramentas de software que gerenciam os ativos de armazenamento de dados nos data centers.

“A descarbonização e a utilização mais eficiente de energia nos data centers são apoiadas pelas mesmas tecnologias que promovem a modernização desses ambientes. A modernização ajuda a cumprir metas de sustentabilidade, mas obviamente oferece muitos outros benefícios, como melhores análises de dados e processos de negócios”, destaca David Pearson, vice-presidente de pesquisa do IDC.

Mais do que contribuir para as metas de sustentabilidade, as iniciativas de descarbonização dos data centers podem levar a níveis mais altos de desempenho das aplicações de missão crítica, mesmo em áreas de cobertura menores, mais densas e mais eficientes, o que se traduz em redução dos custos com energia e aluguel de espaços. Além disso, novas soluções de gestão criam uma plataforma unificada para inovação e novos modelos de negócios com base na análise avançada de dados, Inteligência Artificial (IA) e aprendizagem automática.

Por onde começar

O estudo ressalta que é importante escolher por onde iniciar as iniciativas de descarbonização dos data centers. Por exemplo, tecnologias de refrigeração líquida estão em voga e parecem interessantes, mas “pode ser mais indicado começar otimizando a infraestrutura de TI para que, quando for abordada a otimização dos sistemas de ar condicionado, ser possível resfriar o ambiente ao nível mínimo possível”, explica Ian Clatworthy, diretor de marketing de plataformas de dados da Hitachi Vantara.

E quanto ao hardware de armazenamento nos data centers? Clatworthy lembra que os flash arrays de estado sólido surgiram como um substituto ecológico para discos rígidos e que, “a geração de armazenamento de 2014 produzia 27 kg de CO2 por terabyte, número que foi caindo nos últimos 10 anos até atingir 4 kg”.

Para Pearson, do IDC, também há vantagens em termos de custo da atualização. “Haverá economia se forem substituídas várias matrizes de discos rígidos por menos matrizes flash densas. Isso pode ser amortizado em relação ao custo do flash”, afirma, destacando que talvez se invista um pouco mais, mas a economia virá na forma de menos demanda por espaço, menos custos de energia e menor necessidade de refrigeração.

Uma preocupação natural é como administrar a migração dos dados de tecnologias legadas para tecnologias mais sustentáveis. A resposta se baseia em tecnologias de virtualização de armazenamento. “A geração atual de armazenamento não é só muito mais eficiente em termos energéticos do que as antigas, mas também oferece a capacidade de migrar os dados sem interrupções”, afirma Clatworthy.

Mais modernização com mais segurança

Migrar para infraestruturas de armazenamento mais sustentáveis também oferece oportunidades para modernização dos fluxos de processos. Fica mais fácil atender a mais demandas de capacidade ou desempenho geradas por novas cargas de trabalho. Por exemplo, uma pequena empresa pode executar todas as suas aplicações em um único array, eliminando silos de fontes de dados. E uma grande companhia pode executar mais cargas de trabalho na mesma infraestrutura. “Isso significa que os dados estarão acessíveis a mais aplicações e mais usuários ao mesmo tempo. Não haverá mais matrizes e tipos de mídia diferentes, que vão separar aplicações em silos e exigir diferentes ações de gestão e segurança”, explica Pearson.

Outro benefício é que, ao consolidar dados em arrays de alto desempenho, pode-se implantar mais facilmente tecnologias de automação que direcionam cargas de trabalho ao hardware apropriado para utilização máxima dos recursos dos data centers.

Duas outras ferramentas que ajudam a elevar os níveis de sustentabilidade dos data centers são as de compactação e desduplicação de dados. A primeira codifica bits repetíveis em arquivos menores, enquanto a segunda analisa silos de dados para identificar e eliminar conjuntos de dados idênticos duplicados. E quanto mais essas tecnologias são aplicadas, menor será o espaço ocupado pelos sistemas de armazenmaneto dos data centers e menores serão as pegadas ambientais produzidas por esses ambientes.

“Os tempos mudaram. Todos querem ter acesso a seus dados e querem que estejam disponíveis instantamente e, muitas vezes, com alto desempenho. Com os esforços de sustentabilidade que reduzem a pegada dos data centers, bem como otimizam e automatizam processos, as organizações podem compensar o crescimento da demanda e evitar as caras atualizações de hardware”, afirma Clatworthy. Se ainda for possível aumentar a vida útil das infraestruturas, as organizações estarão contribuindo para não gerar mais emissões de carbono resultantes da fabricação e do uso dos equipamentos. É algo bom tanto do ponto de vista operacional quanto de todo o ciclo de vida dos sistemas de armazenamento dos data centers.