Vinte healthtechs voltadas ao monitoramento da saúde das mulheres

Woman and medical technology concept. FemTech. MedTech.
Sheila Zabeu -

Março 07, 2023

Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o projeto FemAging, iniciativa global com foco em apoiar e alavancar a inovação para melhorar a saúde e o bem-estar de mulheres com mais de 40 anos, apresentou 20 iniciativas que desenvolvem inovações para esse público. A organização também divulgou o relatório FemAging 2023, com um índice gerado a partir de pesquisa realizada nos Estados com 1.000 mulheres entre 40 e 65 anos.

O projeto FemAging foi lançado em 2020 para estimular a inovação em software, dispositivos, wearables (vestíveis) e outras áreas voltadas a mulheres com mais de 40 anos. A intenção é sediar nos próximos meses uma série de eventos online a partir dos resultados da pesquisa, destacando dados sobre grupos de negros, asiáticos e hispânicos.

“Desde que lançamos o projeto FemAging, temos visto avanços na disponibilidade de produtos, serviços e inovações voltadas para mulheres com mais de 40 anos. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito. O relatório FemAging 2023 apresenta dados, análises e conselhos estratégicos que podem ajudar a impulsionar a inovação global nessa área ainda mais nos próximos anos”, destaca Denise Pines, cofundadora do projeto FemAging.

Para o relatório de 2023, o projeto FemAging analisou mais de 100 empresas nas áreas de femtech, saúde feminina, vestuário, saúde, alimentação, beleza, entre outras, para identificar os 20 “FemAging Tech Champions”. O foco principal foi destacar empresas e inovadores emergentes, em crescimento e já estabelecidos.

Entre as iniciativas inovadoras que desenvolveram produtos, serviços e soluções digitais para mulheres com mais de 40 anos, estão:

  • Bloomer Tech, que desenvolveu um sutiã com sensores para capturar dados vitais sobre a saúde do coração. Esses dados podem ser conectados a modelos de aprendizado de máquina para identificar biomarcadores relacionados a doenças cardíacas, infartos e derrames.

  • Moonalisa, startup em estágio inicial que desenvolve uma clínica do sono com professores de Stanford e Harvard. A solução permitirá teleconsultas, terapias digitais e coaching para funcionárias.

  • Midi, que desenvolveu uma clínica virtual como foco no atendimento das necessidades de saúde das mulheres que passam por perimenopausa, menopausa e outras condições associadas a níveis flutuantes de hormônios.

  • Hormona, que começou como uma comunidade online e tem evoluído para oferecer um aplicativo de monitoramento hormonal.

  • Renalis, que está desenvolvendo diversas terapias digitais com foco no tratamento de distúrbios da saúde pélvica, entre eles bexiga hiperativa.

  • Embr Labs, que desenvolveu o Embr Wave, termostato pessoal que visa melhorar o sono, aliviar a ansiedade e ajudar a controlar melhor as ondas de calor.

  • Roga, wearable terapêutico para ser usado como um par de fones de ouvido. Funciona enviando pulsos suaves para o cérebro que sinalizam segurança para o sistema nervoso e pode ajudar a aliviar o estresse e a ansiedade.
20 FemAging Tech Champions
Fonte: FemAging

Entre as principais revelações do relatório, o índice FemAging identificou que as mulheres mais velhas são definidoras de tendências de adoção de tecnologia em algumas áreas: 41% do grupo com 40 a 65 anos usam soluções ativadas por voz (Alexa/Siri); 35% usam dispositivos wearables; 30% utilizam tecnologias para casas inteligentes; e 8% relatam usar moedas digitais/criptomoedas.

Report FemAging 1
Fonte: FemAging

De modo geral, 58% das entrevistadas têm preocupações relevantes sobre capacidade de permanecerem ativas, saudáveis e independentes à medida que envelhecem. Elas enfrentam problemas de saúde associados ao envelhecimento e às alterações hormonais devido à perimenopausa e à menopausa, principalmente nas áreas do sono, estresse e ansiedade, além de problemas cognitivos (capacidade reduzida de concentração e esquecimento). Mulheres negras entre 40 e 65 anos têm necessidades específicas de saúde e bem-estar, às vezes respondendo de maneira diferente aos sintomas da menopausa.

No segundo trimestre de 2023, o Projeto FemAging lançará o Femaya, plataforma inteligente baseada no GPT, mesma tecnologia por trás do ChatGPT, para responder perguntas do público feminino sobre saúde e envelhecimento, identificar tendências de inovação e apresentar empresas trabalhando na área, entre outras questões.

Desafios para inovação na saúde das mulheres

Segundo o relatório da FemAging, um dos desafios mais difíceis associados à promoção da inovação na saúde da mulher é superar barreiras organizacionais, sociais e individuais, para citar algumas. Lidar com o envelhecimento feminino é um campo totalmente novo, historicamente sub-reconhecido e subestimado.

Prosperar diante dessas barreiras depende de cultivar comportamentos, mentalidades e hábitos nos níveis individuais e organizacionais, destaca a pesquisa. Os esforços de inovação em saúde feminina valem a pena, visto que é segmento em apresentou rápido crescimento nos últimos anos, com potencial para atingir US$ 75,1 bilhões, de acordo com uma pesquisa da FemTech Analytics.

Innovation focused on women's health has potential to reach $75.1 billion
Fonte: FemAging

O estudo alerta, no entanto, que muitos dos chamados produtos e serviços femtech se concentram até o momento em gravidez, amamentação e saúde reprodutivas. Apenas 6% das empresas femtech se voltam para cuidados na menopausa. Isso pode mudar, com as mulheres falando mais abertamente sobre a necessidade de contar com mais recursos para ter melhores períodos de menopausa e envelhecimento, a exemplo de várias celebridades mundiais que têm abordado publicamente suas experiências.

Essa postura pode contribuir para mudar normas sociais e levar a mais investimentos nessa área. Pesquisa realizada em 2020 pelo Female Founder’s Fund sugere que o mercado em torno da menopausa pode representar uma oportunidade de US$ 600 bilhões.