Tendências em MVNO: preços flexíveis para conectividade de projetos IoT

Sheila Zabeu -

Maio 19, 2021

Conectividade é um elemento essencial em qualquer projeto relacionado à Internet das Coisas (IoT). Custo é outro. Portanto, elaborar um bom planejamento para garantir flexibilidade ao contratar meios de conexão para soluções IoT é uma ótima forma de evitar surpresas desagradáveis ao receber as contas dos serviços de comunicação.

Contudo, tomar decisões com repercussões de longo prazo nem sempre é uma tarefa fácil para os gerentes de projetos IoT. Os desafios operacionais podem não ser conhecidos na íntegra durante a fase de desenvolvimento da solução e, às vezes, não se sabe em qual região do mundo a solução poderá ser adotada. De outro lado, é preciso ter o mínimo de previsibilidade de custos para que seja possível definir orçamentos. Por isso, flexibilidade é fundamental no quesito conectividade dos projetos IoT.

Como prevenir é melhor que remediar, vale a pena ficar atento a cinco tendências que devem ser observadas nos preços da conectividade IoT em 2021. O tema central de todas elas é justamente flexibilidade:

1. Planos regionais –  Em muitos casos, as soluções IoT são destinadas a mercados locais e, portanto, não precisam contar com conectividade global. Planos regionais surgem para atender a esse grupo. Há até provedores globais que oferecem um cartão SIM que pode ser atualizado remotamente com opções de conectividade regional.

2. Cobertura de múltiplas operadoras – Projeto de IoT em alguns setores, como agricultura e transporte, podem precisar de conectividade máxima em áreas remotas. Então, contar com redundância de operadoras é uma ótima solução. Além disso, esse tipo de serviço permite que dispositivos IoT sejam fabricados e testados em uma área geográfica e, em seguida, enviados aos seus destinos com os mesmos cartões SIM instalados. E tudo funcionará perfeitamente.

3. Contratos sem compromisso – Às vezes, preços mais baixos podem ser conseguidos para contratos de longo prazo. No entanto, isso pode representar uma “prisão” para projetos que, ao longo do tempo, veem suas demandas de conectividade mudarem, seja por que não foram bem sucedidos ou por que evoluíram mais rápido do que o previsto. Contratos sem compromisso de manutenção (livres de vigência mínima) podem ajudar a solucionar esse dilema.

4. Descontos por volume – Projetos de IoT podem sofrer redimensionamento ao longo do tempo, integrando mais dispositivos do que o calculado originalmente. Seria ótimo poder reduzir os custos da solução, sem ter de voltar às negociações com provedores de conectividade em pouco tempo. Por conta disso, muitos provedores que antes só ofereciam modelos de cobrança por dispositivo, agora trabalham também com cobrança por “pooling de dados”. Essa modalidade permite integrar dispositivos com diferentes perfis de consumo de dados e cobrar o valor do total de dados do conjunto de dispositivos.

5. Previsibilidade – Preços fixos e valores pré-pagos com alertas automatizados e recursos de gerenciamento podem ajudar os responsáveis por projetos IoT a não sair do orçamento previsto.

A quem recorrer?

De maneira geral, a flexibilidade de planos de conectividade tão buscada pelos projetos IoT não tinham despertado muito interesse dos grandes provedores de serviços de comunicação (Mobile Network Operators – MNOs). Para eles, adaptar-se às demandas especificas desse segmento de mercado não parecia ser um negócio interessante – pelo menos até um pouco tempo atrás. Foi nesse vácuo que surgiram as Operadoras de Redes Móveis Virtuais (Mobile Virtual Network Operators- MVNOs).

A MVNO é uma provedora de serviços de comunicação sem fio que não possui infraestrutura de rede própria. Subcontrata acesso de operadoras maiores a preços de atacado e revende a outros consumidores por preços mais alinhados às suas necessidades. O mercado MVNO pode ser classificado segundo modelo operacional (revendedor, provedor de serviços e MVNO completo), tipo de serviço (pós-pago e pré-pago), assinante (comercial e individual/residencial) e localização geográfica.

Já as chamadas IoT MVNOs atendem demandas específicas de desenvolvedores e usuários de soluções IoT com alguns milhares de conexões, tanto em relação ao modelo de precificação quanto a questões técnicas, oferecendo, por exemplo, serviços de suporte pré e pós-vendas.  

No entanto, alguns especialistas alertam que os benefícios oferecidos pelo modelo das IoT MVNO podem estar sob ameaça por dois principais motivos. Primeiro, o preço de varejo que as MNOs estão cobrando pela conectividade para soluções IoT está caindo rapidamente, em até 30% a 40% ao ano, em alguns casos. Com isso, o mercado coberto  pelas IoT MVNOs está encolhendo.

Em segundo lugar, as IoT MVNOs estão encontrando cada vez mais dificuldade para contratar serviços de conectividade de baixo custo. Muitas vezes, essas operadoras conseguiam preços melhores para serviços de conectividade doméstica por meio de acordos de roaming competitivos com grandes provedores internacionais. No entanto, esses contratos podem começar a excluir dispositivos IoT em volumes maiores e começar a exigir o pagamento de uma sobretaxa mensal, colocando em risco os preços menores que as MVNOs costumavam cobrar pela conectividade das soluções IoT.

Como seus preços já não podem ser tão atraentes, e o interesse das MNOs parece ter  despertado, pelo menos,  para contratos maiores, como os envolvendo o setor automobilístico, os especialistas sugerem que as MVNOs invistam em recursos como integração com nuvem e segurança para ganhar alguma vantagem competitiva, oferecendo mais do que apenas conectividade. Outras sugestões para as MVNOs incluem o atendimento a verticais específicas e a prestação de serviços de consultoria em IoT para demandas mais complexas. Além disso, as próprias MNOs também estão buscando parcerias com algumas MVNOs para incorporar algumas soluções desenvolvidas pelos MVNOs em suas próprias ofertas.

Espera-se que, como em qualquer mercado, quanto mais concorrência houver no campo da conectividade IoT, mais beneficiados serão os usuários.