Tecnologias inteligentes podem ajudar na descarbonização

Sheila Zabeu -

Novembro 05, 2021

Tecnologias inteligentes como IoT, big data móvel e inteligência artificial (IA) podem contribuir com 40% da redução das emissões de carbono necessárias para limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais. A afirmação é da GSMA (Groupe Speciale Mobile Association), organização mundial que representa os interesses operadoras de rede em todo o mundo, reunindo mais de 750 delas e cerca de 400 empresas de um ecossistema mais amplo.

A entidade está convocando líderes de empresas e legisladores a explorar o potencial da conectividade móvel e de tecnologias inteligentes para que seja possível atingir a meta de descabornização total do planeta até 2050.  Como parte de uma iniciativa liderada pela GSMA, mais de 50 operadoras de telefonia móvel divulgaram suas pegadas ambientais e emissões de gases de efeito estufa por meio do sistema de divulgação global CDP reconhecido internacionalmente.

Apenas como comparação, as redes móveis respondem por cerca de 0,4% das emissões em nível global, mas, por outro lado, com as tecnologias de comunicação viabilizadas por elas ajudam a evitar emissões em um nível 10 vezes maior, diz a GSMA, em grande parte, resultado do menor consumo de eletricidade, gás e combustível propiciado.

E não é preciso investir em tantas novas tecnologias para impulsinar o desenvolvimento da economia de baixo carbono. Recursos inteligentes de conectividade já existem. No entanto, uma pesquisa da GSMA mostra que são significativamente subutilizados por setores que consomem muita energia, como o de manufatura, e o próprio setor energético.

Tecnologias de conectividade são usadas em apenas 1% do setor de manufatura em todo o mundo. Na área energética, são utilizadas em cerca de 35% das redes de energia solar e 10% das redes de energia eólica em escala mundial – ou seja, trata-se de um potencial não explorado que poderia ajudar a atingir quase 40% da redução de emissões necessária para atingir as metas estabelecidas para 2030 para que esses setores se tornem “zero carbono” até 2050.

“Muitos podem pensar que precisaremos de novas soluções tecnológicas futuras para atender às metas ‘zero carbono’. Na GSMA, discordamos disso. Acreditamos que muitas das ferramentas e tecnologias inteligentes para reduzir as emissões, especialmente no setor energético, já estão disponíveis – elas simplesmente não estão sendo usadas em todo seu potencial”, afirma Mats Granryd, diretor geral da GSMA.

A pesquisa da GSMA se concentra em quatro setores que fazem uso intensivo de energia, (manufatura, energético, edifícios e transporte); também aborda agricultura e trabalho/saúde/convivência. Mostra como o amplo de tecnologias inteligentes e de conectividade pode promover até a 2030 uma redução de emissões equivalente à desativação de 2.700 usinas movidas a carvão.

No caso do setor de manufatura, a GSMA avaliou o uso de sensores IoT (Internet of Things) em processos mais inteligentes de monitoramento da produção, diagnóstico e rastreamento de estoques. E concluiu que, com tecnologias IoT, é possível atingir 16% de redução de emissões,  o que equivaleria às emissões geradas pela fabricação de 140 milhões de carros.

No setor energético, 46% da redução das emissões pode vir da implantação de redes de energia solar e eólica conectadas, o que equivaleria à desativação a de cerca de mil usinas movidas a carvão até 2030.

Entre os edifícios, 43% da redução das emissões pode ser possibilitada pela instalação de medidores inteligentes para sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado. Hoje, apenas 60 milhões de estabelecimentos comerciais têm conexões inteligentes com redes de energia elétrica e gás, uma pequena fração do total de edifícios do setor de comércio em todo o mundo.   

No segmento de transporte, 65% da redução de emissões poder vir de infraestruturas digitais para apoiar veículos elétricos, trabalho remoto e gestão de frotas, por exemplo. Isso seria equivalente a 2,8 bilhões de voos entre New York e Paris em nove anos.

Na COP26, a GSMA está demonstrando um Veículo Autônomo Conectado elétrico que usa redes 5G. Sensores de poluição em tempo real apresentam dados de várias localidades do Reino Unido. A entidade também organizou um painel para discutir como as tecnologias móveis podem ajudar a alcançar a descarbonização completa de forma mais rápida e econômica.