Sensores ajudam a monitorar sequestro de CO 2

Sheila Zabeu -

Dezembro 22, 2021

A União Europeia divulgou recentemente que criará em 2022 um sistema para certificar sequestro de carbono com o objetivo de estabelecer um mercado regulado nesse segmento e oferecer um incentivo financeiro para armazenar dióxido de carbono (CO2) por longo prazo de forma a compensar emissões de setores como agricultura e indústria pesada. 

A meta da União Europeia é capturar cinco milhões de toneladas de CO2 da atmosfera a cada ano até 2030. Essa é apenas uma pequena fração do total de emissões totais da UE, mas com essa iniciativa o bloco também pretende impulsionar o desenvolvimento de mais tecnologias que ajudem nos esforços de sequestro de carbono. 

“O desenvolvimento e a implantação em escala de soluções de sequestro de carbono é indispensável para a neutralidade climática e requer um apoio direcionado significativo na próxima década”, disse o documento de intenções da Comissão Europeia. 

A remoção de carbono da atmosfera pode ser realizada por processos naturais, como o reflorestamento, mas também por meio de soluções tecnológicas que devem seguir alguns princípios para realizar a tarefa de forma correta. O dióxido de carbono deve ser removido da atmosfera e armazenado de forma permanente e segura. Além disso, todas as emissões de gases de efeito estufa associadas ao processo de remoção devem ser calculadas com precisão e contabilizadas no balanço geral para garantir, obviamente, que o volume de CO2 sequestrado e armazenado permanentemente seja maior do que o total emitido durante o processo de sequestro.  Por fim, os locais de armazenamento devem ser monitorados de forma independente. 

Mão na massa 

Quem já está se movimentando para encontrar soluções tecnológicas é a Carbon Drawdown Initiative. A instituição foi fundada em janeiro de 2020 e está concentrada na promoção de pesquisa e investimentos em startups no campo do que chama de “emissões negativas”. 

Uma das iniciativas em andamento é o  projeto Carbdown, implementado por uma rede de empresas tecnológicas na região metropolitana de Nuremberg (Alemanha) e acompanhado por renomados cientistas de centros universitários, como Alfred Wegener Institute e as universidades de Hamburgo e Wageningen.  

Fonte: PRTG Monitoring Software (Paessler)

O foco da colaboração é o intemperismo acelerado (em comparação intemperismo natural, que levaria milhares de anos) em terras aráveis, um método de geração de emissões negativas que adiciona ao solo rochas como basalto que vão reagir com CO2.  O projeto pretende desenvolver um método de medição que registre o volume de CO2 sequestrado por hectare de solo arável.  

“Monitorar nos ajudará a entender quais parâmetros influenciam as reações químicas do basalto com CO2. Os dados de monitoramento são uma base importante para futuras análises e comparações com outros valores, como medidas de laboratório”, explica Dirk Paessler, fundador e CEO da Carbon Drawdown Initiative. E, com uma medição precisa, os agricultores poderão candidatar-se a participar do mercado de sequestro de carbono prazo.   

Na primavera europeia de 2021, o projeto espalhou basalto e de olivina por quatro campos em diferentes países da Europa, um total de 40 toneladas por hectare. Centenas de sensores foram enterrados no solo para registrar a reação química. Os dados coletados são enviados via middleware para a solução PRTG Hosted Monitor a cada vinte minutos para análise.  

Além de dados químicos, como valor de pH do solo ou condutividade, o PRTG Hosted Monitor também coleta dados meteorológicos, como temperatura do solo e do ar, volume de precipitação e radiação solar. Esses dados são combinados e avaliados com informações vindas de outros sistemas de medição e análises de laboratório. Segundo o projeto,essa é justamente uma das vantagens da solução – por ser baseada na nuvem, torna a integração com outros sistemas particularmente fácil. 

A meta do é Carbdown é reproduzir o projeto em centenas ou até mesmo milhares de plantações nos próximos anos usando sensores eletrônicos em rede. Além de monitor e medir o volume de CO2  capturado por hectare, sensores também podem ser aplicados para implementação de soluções automáticas de irrigação, fertilização, acompanhamento de crescimento de lavouras, estimativas de esforços ou medidas de proteção. Por exemplo, alarmes podem ser disparados se o solo estiver muito seco ou em caso de infestação de insetos. Também podem ajudar e otimizar recursos como água, fertilizantes e pesticidas com base nas necessidades reais, com benefícios econômicos e ecológicos.