Restrições energéticas estão limitando avanços dos data centers

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Sheila Zabeu -

Julho 21, 2023

A crescente demanda por data centers tem esbarrado em problemas de oferta de energia, e essa restrição energética pode limitar ou atrasar o desenvolvimento em mercados como Tóquio, Cingapura e Hong Kong, alerta um recente relatório da CBRE. No entanto, essa mesma limitação está alimentando a demanda por instalações de hiperescala em mercados emergentes, como Mumbai e Grande Seul, onde a disponibilidade de energia é alta.

Segundo o estudo, a oferta de energia é uma das principais preocupações dos operadores de data centers na América do Norte, Europa, América Latina e Ásia-Pacífico. O relatório da CBRE analisou as principais variáveis, como inventário total de data centers, taxas de vacância, absorção líquida, preços e taxas de aluguel e disponibilidade, em mercados estabelecidos e emergentes nessas quatro regiões.

Por conta da alta demanda, certos mercados secundários com fontes de alimentação robustas devem atrair mais operadores de data centers. Novas instalações estão surgindo nas quatro regiões, apesar da disponibilidade limitada de energia. Virgínia do Norte, nos Estados Unidos, continua sendo o maior mercado de data centers do mundo, com 2.132 megawatts (MW) de inventário total de ativos.

O crescimento das tecnologias de Inteligência Artificial (IA) tem contribuído para uma atividade estável de leasing, apesar das taxas de juros mais altas e da incerteza econômica. A expectativa é que isso impulsione a demanda futura por data centers e que outras tecnologias, como streaming, jogos e carros autônomos, incrementem ainda mais a demanda por data centers de alto desempenho.

O inventário de ativos de data centers continua crescendo em muitos mercados, nos quais a disponibilidade energética e outras variáveis ainda não desaceleraram os empreendimentos.

Apesar desse incremento, as taxas de vacância caíram em todas as partes do mundo, pois a alta demanda está superando o crescimento da oferta. Atrasos nas construções de novas instalações e desafios no ramo energético estão afetando todos os mercados. Por exemplo, espaços em Tóquio e Hong Kong diminuíram entre 1,5% e 2% na relação ano a ano. Cingapura, o mercado de data centers com maior restrição energética do mundo, tem menos de 4 MW de capacidade disponível e uma taxa de vacância recorde de menos de 2%.

A atual escassez global tem gerado um aumento significativo nos preços associados aos data centers. Cingapura é atualmente um dos mercados mais caros do mundo, com preços superiores a US$ 300 por kW, enquanto valores de Tóquio permaneceram relativamente estáveis ​​em torno de US$ 200 por kW.

Inventário, preços e vacância por região

Na América do Norte, o inventário de ativos de data centers segue crescendo, sendo que o norte da Virgínia lidera o ranking global do estudo da CBRE.

Os preços na América do Norte continuaram subindo no primeiro trimestre de 2023. Não há espaço disponível suficiente para atender à demanda. A indisponibilidade de energia, terrenos caros, altos custos de materiais e de mão de obra e atrasos na cadeia de suprimentos retardaram a conclusão de novas construções. Os governos locais estão trabalhando para lidar com atrasos de licenciamento e de projetos de transmissão, principalmente porque as empresas de serviços públicos pretendem conectar energia renovável aos grids de energia. As taxas de aluguel mantiveram uma tendência consistente de alta desde o primeiro trimestre de 2023.

A vacância está em baixa em todos os principais mercados da América do Norte. Na Virgínia do Norte, a disponibilidade de MW caiu de 46,6 MW para 38,4 MW no ano passado, apesar do crescimento de 19,5% do inventário de ativos de data centers. Chicago lidera o ranking da América do Norte com a redução mais significativa na vacância, de 8,2% para 6,7% na relação ano a ano. Apesar da incerteza na disponibilidade futura e dos elevados custos de energia, o Vale do Silício permanece perto da baixa vacância recorde de 2,9%.

Na Europa, a oferta de data centers cresceu na relação ano a ano em Frankfurt, Londres, Amsterdã e Paris, pois os fornecedores estão trabalhando para atender à forte demanda na maioria dos principais mercados da região. Empreendimentos contínuos e significativos e entregas de certos megaprojetos são esperados para este ano, apesar dos problemas de disponibilidade energética. A maior parte das novas ofertas acontecerá em Londres e Frankfurt.

Os preços aumentaram nos principais mercados europeus, dada a forte demanda e os custos operacionais e de construção mais altos. Esses fatores fizeram com que as taxas de aluguel subissem nos últimos 18 meses. As tarifas são mais altas estão em Frankfurt e Londres. Custos operacionais e de construção mais altos fizeram as taxas de aluguel aumentarem também.

Nas cidades europeias conhecidas como FLAP (Frankfurt, Londres, Amsterdã e Paris), a taxa média de vacância caiu de 17% no primeiro trimestre de 2022 para 12,7% no primeiro trimestre de 2023. Em Londres, a vacância caiu de 21,6% para 15,3%; em Frankfurt, de 8,6% para 4,8%. Haverá pouco alívio para os que buscam capacidade nos principais mercados da Europa em 2023. Mais oferta deve chegar ao longo do ano, embora a taxa de vacância deva permanecer baixa, dado que a demanda provavelmente continuará forte.

Na América Latina, havia 672 MW de inventário de ativos de data centers no primeiro trimestre de 2023, principalmente no Brasil, México, Chile e Colômbia. A região tem experimentado um crescimento significativo nos últimos três anos, com a oferta dobrando desde o primeiro trimestre de 2020. O Brasil cresceu mais rapidamente, 127% no período entre 2020 e 2022. É também o maior mercado de data centers, com cerca de 67% do inventário da região.

As taxas de aluguel de colocation na América Latina estão aumentando devido à maior demanda por serviços de data center. Os preços são notavelmente mais altos na América Latina em comparação com mercados ocidentais mais maduros da América do Norte e da Europa. Oferta limitada, altas tarifas e impostos são fatores importantes que impactam os valores de aluguel.

A taxa média de vacância caiu de 12,2% no primeiro trimestre de 2022 para 8,6% no mesmo período de 2023. Essa tendência é mais notável em Santiago, onde passou de 11,7% no primeiro trimestre de 2022 para 3% no primeiro trimestre de 2023. Querétaro também está mostrando vacância muito baixa, 3,1%. A maior parte dos novos empreendimentos da região foi pré-arrendada para hiperescaladores, com alta demanda persistente.

Na Ásia-Pacífico, o inventário de ativos de data centers está crescendo rapidamente, alcançando uma escala impressionante, segundo a CBRE. Tóquio, Sydney e Cingapura possuem atualmente mais de meio GW de capacidade ativa. O inventário de Sydney cresceu 30% na relação ano a ano. A indisponibilidade energética é um importante desafio emergente em alguns mercados da Ásia-Pacífico. No geral, operadoras e investidores estão otimistas sobre o potencial da região e estão expandindo os empreendimento para além das cidades de nível 1.

As taxas de aluguel de colocation na Ásia-Pacífico permanecem altas, apesar de novos empreendimentos e da incerteza macroeconômica. Cingapura é um dos mercados mais caros do mundo, cobrando mais de US$ 300 por kW, enquanto os preços de Tóquio se mantêm estáveis ​​em torno de US$ 200 por kW. As taxas de colocation em Sydney estão entre as mais competitivas da Ásia-Pacífico, ainda dentro de uma faixa atraente para novos operadores e investidores.

A vacância diminuiu na maioria dos principais mercados nos últimos 12 meses, exceto em Sydney, onde um importante novo empreendimento entrou em operação. Cingapura tem menos de 4 MW de espaço disponível para locação e uma taxa de vacância recorde de menos de 2%. Tóquio e Hong Kong também reduziram as vagas em 1,5%.