Reino Unido vai ganhar mapa digital de cabos e canos

NUAR available to users in first UK locations
Sheila Zabeu -

Abril 26, 2023

O Reino Unido está trabalhando em um mapa digital de cabos e canos que pretende revolucionar processos de instalação, manutenção, operação e reparo desses ativos subterrâneos. O projeto ganhou o nome de National Underground Asset Register (NUAR), e a previsão é que o mapeamento garanta uma economia de, pelo menos, £ 350 milhões por ano por meio da maior eficiência e da redução de interrupção de serviços para cidadãos e empresas. Também ajudará a economia crescer ao acelerar projetos de novas estradas, novas casas e implantação de banda larga.

A primeira fase do NUAR está reunindo dados de cerca de 80 organizações dos setores público e privado na região nordeste da Inglaterra, País de Gales e Londres. Essas instituições incluem os principais prestadores de serviços energia e água, bem como empresas de telecomunicações e de transporte e autoridades locais.

“Essa primeira versão do NUAR é um marco importante em um programa que beneficiará a todos. Ao usar o poder dos dados de localização para planejar e realizar obras com mais eficiência, vamos melhorar a prestação dos serviços essenciais e minimizar as interrupções. Muitos tipos de ativos estão enterrados sob nossos pés, pertencentes a muitas organizações diferentes, grandes e pequenas. Estamos muito satisfeitos com o número de proprietários de ativos que reconheceram o valor de trabalhar conosco para tornar os dados que possuem mais acessíveis”, explica Steve Unger, membro Independente da Comissão Geoespacial, parte do Departamento de Ciência, Inovação e Tecnologia do Reino Unido.

NUAR platform
Fonte: NUAR

Para Colin Sawkins, especialista em garantia e habilitação da Cadent Gas Limited, poder pesquisar virtualmente todos os ativos disponíveis antes de escavar para consertar vazamentos de gás ou água ou realizar outros trabalhos urgentes coloca os operadores em uma posição muito melhor para ajudar a evitar danos aos ativos subterrâneos e para a população.

Estima-se que existam cerca de 4 milhões de quilômetros de canos e cabos enterrados no Reino Unido e que uma escavação seja feita a cada 7 segundos para instalar, consertar ou fazer a manutenção desses ativos críticos para a prestação de serviços essenciais. Cerca de uma em cada 65 escavações resulta em colisão acidental entre os ativos – ou cerca de 60 mil por ano —, causando £ 2,4 bilhões de prejuízo econômico, além de colocar em risco trabalhadores e cidadãos.

Mais de 650 empresas responsáveis por ativos nos setores público e privado são obrigadas pela lei do Reino Unido a compartilhar dados para fins de “escavação segura”. No entanto, não existe atualmente um método padronizado para fazer isso, então tais informações são fornecidas em formatos, escalas e qualidade variados, gerando uma gestão complexa dos processos de instalação, manutenção, operação e reparo dos ativos subterrâneos.

“Com o NUAR, os engenheiros terão acesso instantâneo aos registros de ativos subterrâneos e poderão produzir um único plano, em vez de compilá-lo a partir de várias fontes. Não precisaremos mais responder a solicitações individuais. Nossos registros estarão no NUAR e poderão ser obtidos diretamente lá”, explica Bob Wood, gerente de sistemas técnicos do Darlington Borough Council.

Antes dessa atual fase do NUAR segue, dois projetos-piloto já haviam sido realizados entre 2019 e 2021. A previsão é que o projeto inclua toda a infraestrutura subterrânea na Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte até 2025.

Primeiro e próximos passos

Mapear recursos em uma cidade é um primeiro passo simples, mas necessário para torná-la inteligente. Tecnologias digitais de geolocalização compõem uma das importantes ferramentas que têm contribuído para transformar o modo como cidades e prestadores de serviços essenciais estão realizando suas tarefas e cumprindo com seus compromissos com mais eficiência.

Além de melhorar parte da logística dos serviços públicos, conforme pretende o NUAR no Reino Unido, aplicações de mapeamento e geolocalização nas cidades podem ajudar em áreas como:

  • Transporte público, otimizando rotas e reduzindo congestionamentos;
  • Segurança pública, com câmeras, sensores e sistemas de vigilância;
  • Gestão de resíduos e resposta a emergências, fornecendo informações em tempo real e fazendo a alocação eficiente de recursos;
  • Sustentabilidade, coletando e analisando dados sobre o impacto ambiental das atividades na cidade.

Por exemplo, uma programa de mapeamento aéreo nos Estados Unidos emprega um sensor aerotransportado para capturar dados 3D altamente detalhados, incluindo visão de 360° de edifícios e recursos no nível da rua. A solução está sendo usada na administração de cidades e no planejamento para uso em visualizações, simulações e também em gêmeos digitais.

Os chamados digital twins usam dados em tempo real e inteligência artificial para oferecer oportunidades ilimitadas de simulação em setores como infraestrutura e construção até tráfego e consumo de energia. O uso de digital twins em contextos urbanos, tanto para planejamento quanto para gestão dos ativos, deve gerar uma economia de US$ 280 bilhões até 2030, segundo relatório da ABI Research. “A economia de custos poderá ser obtida em áreas, como energia e serviços públicos, transporte, segurança e proteção e infraestrutura (estradas/prédios). No entanto, os gêmeos digitais urbanos também podem oferecer muitas outras vantagens em termos de suporte e melhoria da sustentabilidade, circularidade, descarbonização e qualidade geral da vida urbana”, afirma Dominique Bonte, vice-presidente de mercados da ABI Research.

Alguns exemplos recentes do uso de digital vêm da Austrália e da Holanda. Em Brisbane, cidade australiana de mais rápido crescimento, um gêmeo digital está ajudando a construir o primeiro metrô da cidade, enquanto Roterdã está desenvolvendo um digital twin para administrar seu porto. Uma cidade totalmente nova também está sendo criada na Arábia Saudita com base em um mapeamento 3D e digital twins.