O metaverso industrial é real. Sua empresa estará lá

A BMW assumiu a vanguarda de uma nova e importante tendência de fabricação — priorizar o digital usando o mundo virtual para otimizar layouts, robótica e sistemas de logística anos antes do início da produção. A companhia anunciou ontem, durante o GTC, da Nvidia, que vai construir e operar metaversos industriais em sua rede de produção em todo o mundo, incluindo a fábrica de veículos elétricos em Debrecen, na Hungria, que só iniciará operações em 2025, usando a plataforma Omniverse.

Durante sua palestra no GTC, o fundador e CEO da NVIDIA, Jensen Huang, se juntou a Milan Nedeljković, membro do conselho de administração do BMW Group, para abrir oficialmente a primeira fábrica totalmente virtual da montadora. A demo destaca uma sessão de planejamento virtual para a fábrica Debrecen. A equipe da BMW pôde agregar dados em modelos maciços e de alto desempenho, conectar suas ferramentas de software específicas de domínio e permitir a colaboração ao vivo multiusuário entre locais. Ao começar a trabalhar na fábrica virtual dois anos antes de sua inauguração, a BMW aspira garantir sua eficiência operacional.

Para permitir o uso intensivo de gêmeos digitais, a plataforma Omniverse, focada inicialmente no mercado de consumo, ganhou novos recursos, como renderização de AR, VR e múltiplas GPUs, além de integrações para aplicações industriais e infraestrutura com software da Bentley Systems e da Esri. A intenção é permitir a engenheiros e designers a possibilidade de desenvolvimento de digital twins fisicamente precisos, de edifícios e produtos, a de simulações fiéis à realidade para treinamento de robôs ou veículos autônomos, antes que eles sejam utilizados no mundo físico. Ao fundir gêmeos digitais com suas contrapartes do mundo real, as empresas podem otimizar a produção e os processos
em um ciclo de feedback contínuo.

Metaverso Industrial, um conceito em alta

A Siemens e o MIT Technology Review acabam de lançar um novo documento explorando o potencial desse conceito para revolucionar o setor industrial. De acordo com os analistas do MIT, embora muitas pessoas associem o termo “metaverso” a um mundo virtual colorido para entretenimento e compras, o metaverso industrial tem o potencial de revolucionar o mundo real de uma forma que poucas tecnologias conseguem. Nele, máquinas, fábricas, prédios, cidades, veículos e sistemas de tráfego inteiros podem ser espelhados e simulados, permitindo testes virtuais que economizam recursos. O metaverso industrial ajudará a desenvolver produtos sustentáveis, bem como fábricas, edifícios e cidades mais eficientes e sustentáveis. Possibilitará a democratização da engenharia, permitindo que todos possam inovar sem temer riscos ou altos custos adicionais.

As tecnologias existentes e em desenvolvimento, incluindo gêmeos digitais, inteligência artificial e aprendizado de máquina, realidade estendida, blockchain e computação em nuvem e borda, serão os blocos de construção do metaverso industrial. Estes convergirão para criar uma poderosa interface entre o mundo real e o digital que é maior do que a soma de suas partes individuais.

Ao permitir que as empresas modelem, prototipem e testem dezenas, centenas ou milhões de iterações de design em tempo real e em um ambiente imersivo baseado em física antes de comprometer recursos físicos e humanos em um projeto, as ferramentas de metaverso industrial darão início a uma nova era de resolver problemas do mundo real digitalmente.

Annika Hauptvogel, diretora de gerenciamento de tecnologia e inovação da Siemens, descreve o metaverso industrial como “imersivo, colaborativo em tempo real, aberto o suficiente para que diferentes aplicativos interajam perfeitamente”.

“O metaverso industrial é simplesmente a consequência de nossa próxima fase de digitalização”, diz Kevin O’Donovan, copresidente do Comitê de Metaverso Industrial e Gêmeos Digitais da Associação VR/AR. “Não ignore isso como apenas o último hype”, diz ele. “Você precisa ter um plano.” À medida que as organizações reagem ao desafio, algumas recomendações ajudarão os primeiros usuários a colher os benefícios.

A maior delas ter sempre em mente que interoperabilidade e abertura das soluções digitais são pré-requisitos básicos para construir e participar do metaverso industrial. Felizmente, algumas entidades estão dando passos significativos para estabelecer padrões e protocolos universais para participar do metaverso. O Metaverse Standards Forum, por exemplo, visa “promover padrões de interoperabilidade para um metaverso aberto”, incentivando a colaboração entre organizações e empresas de padrões.

Dar vida ao metaverso industrial exigirá colaborações substanciais entre setores em padrões e infraestrutura. As organizações podem fazer parceria com fornecedores, concorrentes ou clientes para montar as complexas pilhas de tecnologia que sustentam a participação no metaverso.