Microsoft quer emissões de data centers real zero, não net zero

Inside a Microsoft server room
Sheila Zabeu -

Julho 07, 2023

Um data center da Microsoft, no estado norte-americano de Virginia, reduzirá significativamente as emissões de carbono ao usar energia nuclear, eólica e solar com base em um acordo com a empresa Constellation Energy. As instalações receberão até 35% de energia nuclear.

Esse acordo coloca a Microsoft muito perto do objetivo de operar o data center com energia 100% livre de carbono, 24 horas por dia. A Microsoft acompanhará o desempenho usando uma plataforma de monitoramento da Constellation, que faz a contabilidade dos resultados ambientais. “A Microsoft tem orgulho de oferecer recursos tecnológicos que permitem a outras empresas preocupadas com o clima também reduzirem a pegada de carbono. Nossa cooperação com a Constellation facilita o acompanhamento dos resultados em tempo real, incluindo dados da demanda e da geração de energia limpa regional, disponível para empresas que desejam avançar na transição energética”, explica Adrian Anderson, gerente geral de energia renovável e livre de carbono da Microsoft.

Segundo a Constellation, os mercados de energia têm atualmente opções limitadas para rastrear e combinar fontes livres de carbono com a demanda de hora em hora. Hoje, a maioria das organizações que busca zerar suas emissões combina o consumo de eletricidade com certificados de energia renovável. Ainda que seja um bom começo, esse modelo não garante que a energia consumida em uma determinada hora seja realmente livre de carbono. Como resultado, muitas empresas ainda dependem de fontes de energia que liberam carbono na atmosfera, dificultando o alcance das metas de redução de emissões.

Ao usar a plataforma da Constellation, o data center da Microsoft em Virginia conseguirá fazer o monitoramento entre demanda e fonte de energia acionada, fazendo um acompanhamento por hora. “Constellation e Microsoft trabalham em colaboração há vários anos para serem pioneiras nessa tecnologia. Nada mais justo do que a Microsoft ser um de nossos primeiros clientes dessa plataforma. Estamos confiantes de que esse acordo demonstrará o valor e os impactos dessa tecnologia no enfrentamento da crise climática”, afirma Jim McHugh, vice-presidente executivo e diretor comercial da Constellation.

Com esse modelo, a contabilidade das emissões não buscará zero líquido, mas sim zero real.

Avanços não tão robustos na busca da neutralidade de carbono

Ainda que as empresas nos Estados Unidos tenham se comprometido com a busca da sustentabilidade, com quase quatro em cada cinco empresas afirmando que possuem planos para alcançar a neutralidade de carbono (78%) e zerar as emissões (net zero — 79%), um novo relatório da Hitachi Vantara revelou que os avanços reais podem não ser tão robustos quanto muitas empresas acreditam.

A pesquisa global reuniu 1.000 líderes de TI e executivos de nível C, entre eles 250 nos Estados Unidos. Os demais entrevistados estavam no Canadá, Reino Unido, Alemanha, Espanha, Itália e países nórdicos, Índia, China e Austrália. Quase todos os entrevistados (96%) são de empresas com 1.000 ou mais funcionários.

Os resultados mostraram que quatro em cada cinco entrevistados (80%) nos Estados Unidos disseram que a pegada de carbono de seus data centers permaneceu a mesma ou aumentou nos últimos dois anos e menos de dois em cada cinco (19%) disseram que diminuiu. Apenas 2% afirmaram que diminuiu mais de 10%. Pensando nos próximos dois anos, ainda mais da metade (51%) espera que a pegada de carbono de seus data centers permanecerá a mesmo ou aumentará; apenas 12% esperam que diminuirá mais de 10%.

“Para alcançar a meta net-zero, as empresas devem estabelecer uma estratégia e um plano de implementação concretos, com adesão da liderança, adotando uma abordagem baseada em dados para as emissões em todo o ciclo da TI – borda, instalações locais e externas”, explica Mark Ablett, presidente de infraestrutura digital da Hitachi Vantara.

A pesquisa constatou que muitas empresas estão deixando que suas estratégias sejam ditadas pela regulamentação. Isso pode ser tornar um problema, pois se concentra nas necessidades atuais e não em operações sustentáveis. Por outro lado, esforços sustentáveis podem reduzir custos de energia, poupar espaço de armazenamento e simplificar as operações e a gestão de dados para garantir mais produtividade.

Apesar da dificuldade em avançar na redução da pegada de carbono, 60% dos entrevistados disseram que ter um data center ecologicamente correto é prioridade. Ainda que seja uma medida já em andamento para 56%, a descarbonização dos data centers também foi citada com mais frequência como a área em que as empresas precisam de assistência externa (42%). A segunda medida mais mencionada foi o uso de soluções tecnológicas mais avançadas para reduzir a pegada de carbono (48%). Para 44%, o importante é desenvolver uma cultura corporativa para apoiar as metas de sustentabilidade.

“O fato de a descarbonização dos data centers ter sido a única área a obter mais de 50% das respostas sugere que ainda há uma grande falta de consenso sobre quais medidas tomar. Falando de modo geral, essas disparidades ressaltam a necessidade de mais compartilhamento de conhecimento e envolvimento da liderança das empresas”, destaca Ablett.