Microsoft investe em energia renovável no Brasil

clean energy concept
Sheila Zabeu -

Setembro 08, 2023

A Microsoft Brasil fechou um acordo (Power Purchase Agreement – PPA) com a AES Brasil para fornecimento de energia renovável pelo prazo de 15 anos, com início em julho de 2024. A energia será gerada a partir do Complexo Eólico Cajuína, que está em fase de desenvolvimento no estado do Rio Grande do Norte e entrará em operação ainda neste ano.

Segundo a subsidiária brasileira da Microsoft, o projeto envolve 154 megawatts (MW) de capacidade eólica instalada, suficiente para gerar energia correspondente ao consumo de cerca de 250 mil residências e evitar a emissão anual de 28,7 mil toneladas de gases de efeito estufa (GEE). Contará com investimentos de cerca de R$ 1 bilhão.

Para Tânia Cosentino, presidente da Microsoft no Brasil, a iniciativa está diretamente conectada ao compromisso global da companhia de ser carbono negativa até 2030. “Essa ação reforça o compromisso da Microsoft com a aceleração de práticas sustentáveis e níveis de eficiência ainda mais elevados para nossas operações. A estimativa é que, até 2025, nossa nuvem Microsoft Azure utilize 100% de energia renovável”, destaca a executiva.

“Esse acordo de longo prazo com a Microsoft Brasil é um marco para a AES Brasil, afinal, trata-se de uma empresa com pioneirismo e inovação tecnológica como grandes características, aliadas a padrões globais que são referência em sustentabilidade. A Microsoft vem buscando a descarbonização de sua matriz energética mundialmente, e tem a AES Brasil como parceira ideal para apoiá-la nessa jornada aqui no Brasil”, afirma Rogério Jorge, CEO da AES Brasil.

Segundo o executivo, o contrato apresenta características particulares no que diz respeito às melhores práticas ESG. “Clientes são os grandes impulsionadores das inovações e dos aprimoramentos na forma de aquisição de energia limpa. Nesse contexto, a Microsoft está na vanguarda da sofisticação e da profundidade na busca pela energia limpa, competitiva e confiável. As condições técnicas e comerciais dessa operação permitem à Microsoft simplificar a gestão do contrato ao replicar as melhores práticas já aplicadas em outros países. A parceria está em concordância com a transição para uma economia de baixo carbono, um modelo que se adapte às necessidades e expectativas da sociedade com respeito ao ambiente”, completa o CEO da AES Brasil.

O Complexo Eólico Cajuína é o terceiro empreendimento da AES Brasil no estado do Rio Grande do Norte, localizado na região do Sertão Central Cabugi. Poderá atingir capacidade total instalada de mais de 1,4 gigawatts (GW), sendo que a parcela de 684 MW já está em fase de construção. As obras foram iniciadas em 2022 e devem ser concluídas no segundo semestre de 2023.

Histórico entre Microsoft e AES

Esse é o primeiro contrato no Brasil entre AES e Microsoft, mas as duas empresas já mantêm acordos para fornecimento de energia renovável a partir de painéis solares para data centers da Microsoft na Virginia e na Califórnia, nos Estados Unidos.  “Virginia representa um marco significativo em nossa jornada para termos 100% de fornecimento de energia renovável para todas as nossas operações até 2025, incluindo nossos data centers, e se soma ao nosso compromisso de ser negativo em carbono como empresa até 2030”, afirma Adrian Anderson, gerente de programa, energia e sustentabilidade de data centers da Microsoft.

No Chile, Microsoft e AES Andes assinaram um acordo em 2022, envolvendo fontes de energia eólica e solar para auxiliar os clientes da Microsoft a reduzirem suas pegadas de carbono e acelerarem seus processos de digitalização. Segundo Ricardo Falú, CEO da AES Andes, o contrato é inovador, elaborado sob medida, incluindo várias tecnologias para atender aos requisitos da Microsoft. O fornecimento de energia virá de dois projetos: um de fonte solar mais bateria localizado na região de Antofagasta e um projeto eólico na área de Biobío.

Entre grandes players, além da Microsoft, AES mantém PPAs com Google e Amazon nos Estados Unidos. Com a Amazon, são dois contratos, envolvendo 450 MW combinados de energia solar e 225 MW de armazenamento de energia em bateria com duração de 4 horas. Com essas iniciativas, Amazon quer se manter no caminho para alimentar suas operações mundiais com energia 100% renovável até 2025 e zerar as emissões líquidas de carbono até 2040.  

A Amazon é a maior compradora de energia renovável — em 2022, adquiriu 10,9 gigawatts de energia limpa, o que seria suficiente para abastecer todo o Equador, segundo a Bloomberg NEF. Isso é mais do que quatro vezes a quantidade comprada pelo segundo ocupante da lista, a Meta. Google, Microsoft e Codelco, estatal chilena de mineração de cobre, completaram os cinco primeiros colocados.