Metaverso pode ser o próximo passo tecnológico no setor de Saúde 

Sheila Zabeu -

Julho 13, 2022

Empresas da área de saúde estão se preparando para adotar os próximos avanços tecnológicos, inclusive o metaverso, revelou o relatório Accenture Digital Health Technology Vision 2022. Segundo o estudo, mais de 80% dos executivos do setor de saúde relataram que o volume de dispositivos da Internet das Coisas (IoT) e de edge computing implantados em suas organizações aumentou significativa ou exponencialmente nos últimos três anos, e quase a totalidade dos entrevistados (96%) disse que o sucesso de longo prazo de suas empresas dependerá da próxima geração de recursos computacionais para solucionar problemas que os computadores de hoje lutam para resolver.

Um desses avanços será o metaverso. Diferentemente da Internet, que pode ser vista como uma coleção inumerável de sites e aplicativos, o metaverso é um ambiente 3D que tenta replicar o mundo real usando dispositivos de realidade virtual, no qual seria possível, por exemplo ir facilmente do trabalho a um consultório do médico.

“O metaverso parece futurista, mas já estamos visualizando oportunidades viabilizadas por ele que pode aprimorar a forma como as pessoas gerenciam dados sobre sua saúde, como se relacionam com prestadoras de serviços de saúde e como essas organizações podem apoiar as pessoas em suas rotinas e bem-estar. As empresas de assistência médica que começarem a fazer investimentos estratégicos para construir uma base tecnológica digital de alto desempenho serão as que ajudarão a moldar a próxima geração de assistência médica, criando mais meios de acesso, melhores experiências, mais confiança e melhores resultados, mantendo as pessoas no centro de tudo disso”, explica Rich Birhanzel, líder global do setor de saúde da Accenture.

O próximo horizonte das empresas de saúde no metaverso terá a ver com experimentar a Internet dos Lugares e a internet da Propriedade. Por exemplo, equipes de médicos poderão aprender novos procedimentos sem precisar estar fisicamente na mesma sala de cirurgia. Ou, então, quando uma pessoa estiver viajando, poderá apresentar seu histórico médica com segurança a um profissional de saúde de outra cidade ou pais, sem precisar recorrer ao médico do local de origem.

Mais de 80% de líderes de saúde acreditam que o metaverso produzirá impactos positivos no futuro, com quase metade vendo avanços inovadores ou transformadores.

Mais do que metaverso, o estudo Digital Health Technology Vision 2022 da Accenture explorou quatro tendências tecnológicas que desempenharão um papel na transformação do setor de saúde nos próximos anos:

  • WebMe: Ilustra como a Internet está sendo reimaginada com o metaverso como uma plataforma para experiências digitais que apresentam ilimitados lugares onde as pessoas podem se encontrar e interagir. Já a Web3 está reinventando como os dados poderão ser de propriedade de indivíduos e movimentados com as pessoas e não com as plataformas. No metaverso, será possível transcender tempo e espaço para simular interações, encurtar ciclos de aprendizagem e praticar procedimentos, como no treinamento cirúrgico.
  • The Programmable World: Rastreia como a tecnologia está sendo encadeada nos ambientes físicos em três camadas: conexão, experiência e material. Trata da construção da próxima versão do mundo físico na área da saúde. Tecnologias de 5G, Internet das Coisas, computação ambiental, realidade aumentada, impressão 3D e materiais inteligentes estão convergindo de maneiras sofisticadas, transformando o mundo físico em um ambiente tão inteligente, personalizável e programável quanto o digital. Empresas de saúde vão desenvolver e proporcionar novas experiências, além de reinventar suas próprias operações, de modo a criar um novo tipo de mundo no qual os espaços físicos serão adaptáveis ​​às nossas necessidades.

    Para 94% dos executivos de saúde entrevistados, líderes do setor empurrarão os limites do mundo virtual para torná-lo mais real, o que elevará a necessidade por uma navegação mais tranquila entre mundos físico e digital.
  • The Unreal: Explora as qualidades “irreais” fundamentais para a inteligência artificial e até mesmo para os dados, fazendo com que o sintético pareça autêntico. Dados sintéticos estão sendo usados ​​para treinar modelos de IA de maneiras que os dados do mundo real praticamente não podem ou não devem. Podem representar conjuntos de informações de pacientes para uso em pesquisa, treinamento ou outras aplicações. Esses dados realistas (mas irreais) podem ser compartilhados, mantendo as mesmas propriedades estatísticas e protegendo a confidencialidade e a privacidade.
  • Computing the Impossible: Tem a ver com a computação quântica. Problemas antes considerados impossíveis de resolver porque exigiriam processar conjuntos de dados enormes e complexos estão se tornado possíveis. A computação quântica pode permitir que executivos de saúde testem diferentes cenários e encontrem dependências complexas muito mais rapidamente, por exemplo, para tratar melhor doenças ou prever surtos de vírus.

Oportunidades e riscos

Na área da saúde, a maior oportunidade de hoje é capitalizar o potencial do espaço entre os mundos real e totalmente virtual. Em entrevista à Healthcare Finance News, Kaveh Safavi, diretor sênior da Accenture Health, contou que se surpreendeu ao constatar que quase todos os executivos de saúde entrevistados pela pesquisa (91%) acreditam que os avanços tecnológicos estão se tornando mais confiáveis ​​do que as tendências econômicas, políticas ou sociais para embasar as estratégias de longo prazo de suas organizações.

No entanto, 64% dos executivos pesquisados disseram que violações de infraestruturas de TI e de segurança são sua principal preocupação, particularmente deepfakes ou outras ondas de desinformação.

O diretor da Accenture destaca que é importante se juntar a consórcios e grupos de padronização do setor para elevar os níveis de governança, segurança cibernética e interoperabilidade de dados para definir padrões de como os dispositivos devem se conectar e se comunicar na área da saúde.

O estudo Accenture Digital Health Technology Vision 2022 entrevistou 391 executivos do setor de saúde em 10 países. Além disso, fez uma pesquisa global com 24 mil pessoas para levantar informações sobre usos, interações e crenças na tecnologia em suas vidas.