IoT atingirá ponto de inflexão em 2023 

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Sheila Zabeu -

Dezembro 26, 2022

Quer estar a par dos principais fatores que influenciarão o setor de IoT em 2023? A Eseye, fornecedora de soluções de conectividade de IoT, compartilhou a visão da empresa, que prevê que segmento atingirá um ponto de inflexão com grandes mudanças à medida que as empresas adotarem mais casos de uso sofisticados.

Para a Eseye, os eSIMs resolveram o desafio da interoperabilidade ao longo do último ano, possibilitando a escolha entre redes móveis. Assim, as empresas usuárias de dispositivos IoT com eSIM podem agora alternar entre redes, reduzindo vínculos com operadoras móveis (MNOs – Mobile Network Operators) desfavoráveis, mas difíceis de desfazer até então. Essa evolução deve catalisar cinco tendências importantes no próximo ano:

  1. Modelo de dependência de MNOs finalmente deve acabar: MNOs são inerentemente regionais, ou seja, operam em regiões geográficas limitadas e controlam sua própria fatia de largura de banda. À medida que eSIMs se tornarem a tecnologia padrão para dispositivos IoT, o modelo proprietário de MNO finalmente será quebrado. Além disso, hiperescaladores como Amazon, Microsoft e Google estão investindo intensamente em IoT, conectividade e soluções de rede. Com essa mudança, casos de uso de IoT serão desenvolvidos em torno dos usuários e não da tecnologia. A tendência é que, em 2023, os MNOs mudem seus modelos de negócios para prestar serviços como parte das operadoras de redes virtuais móveis (MVNOs), que estarão mais bem alinhadas e integradas às ofertas dos hiperescaladores. Isso significa mais flexibilidade para escolher soluções de conectividade.

  • Interoperabilidade entre redes públicas e privadas será prioridade: As empresas começaram a intensificar os investimentos em redes privadas para ter sistemas de comunicação mais confiáveis, de velocidade mais alta e com baixa latência. Aliado a isso, tem havido um cresciemento da demanda por roaming entre as redes privadas e públicas. Isso deve elevar a importâncias dos MVNOs, que vão oferecer comutação baseada em regras entre redes públicas e privadas por meio de um único plano de controle, APIs comuns e faturamento consolidado.

  • Ascendência das ‘redes agnósticas’ e ‘multi-RAT’: Com a queda do custo dos modems, surgiu interesse por outros tipos de acesso múltiplo por rádio (RATs) e diferentes provedores de serviços de rede, em busca da opções combinadas para otimizar as soluções de conectividade para IoT. Também tem aparecido inovações em áreas como constelações de satélites de órbita baixa e comunicação dispositivo-nuvem via satélite. Então, em 2023, haverá mais dispositivos IoT operando com vários modos de conectividade, e a próxima geração de MVNOs deverá adotar estratégias de design multi-RAT e otimizar soluções de rede integradas com tecnologias celular, WiFi, LoRaWAN, satélite e outras.

  • Casos de uso de IoT para consumidores e empresas devem convergir e criar novos desafios de conectividade: Modelos IoT empresariais e de consumo anteriormente díspares estão agora se combinando em setores como saúde, redes inteligentes de energia, veículos elétricos e outros. Isso deve resultar no surgimento de uma nova geração de MVNOs em 2023 que vão viabilizar essa integração por meio de soluções de conectividade unindo os dois mundos.

  • IoT começará e terminará nos dispositivos: Hoje, os dispositivos IoT precisam de inteligência incorporada para operar em diferentes ambientes, detectar meios de conectividade e utilizar os componentes e protocolos corretos. Em geral, isso exige configurações complicadas no estágio do design. Em 2023, o hardware deverá se tornar tão importante quanto o software, se não mais importante. Os dispositivos IoT precisarão ter conectividade e flexibilidade incorporadas ao projeto para se adaptarem a um mercado em evolução.

“Em 2023, tudo mudará no mundo da conectividade. Design e configuração do hardware se tornarão primordiais à medida que o poder de escolha finalmente passará para as mãos das empresas e para os dispositivos. Com isso, uma nova geração de MVNOs surgirá para liberar o potencial pleno da IoT”, afirma Nick Earle, CEO da Eseye.

Visão de um futurista

Bernard Marr, futurista das áreas de negócios e tecnologia, autores de 21 livros e colunista da Forbes, apontou quatro tendências principais para ficar de olho em 2023 quando se trata de Internet da Coisas.

  • Digital Twins e Metaverso Corporativo: A convergência das duas tecnológicas permitirá usar dados de sensores IoT para criar gêmeos digitais cada vez mais realistas – de fábricas a shoppings. Usuários corporativos poderão, então, entrar nesses gêmeos digitais usando a tecnologia experimental do metaverso, como headsets de Realidade Virtual, para ter uma melhor compreensão de como funcionam e como ajustar variáveis individuais e assim produzir resultados mais relevantes para os negócios.

  • Segurança da IoT: Fabricantes de dispositivos IoT e especialistas em segurança deverão  intensificar os esforços para manter agentes mal-intencionados longe de dados valiosos. Nos Estados Unidos, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca declarou que espera ter a rotulagem de segurança padronizada em vigor para fabricantes de dispositivos IoT de consumo ainda no início do ano. Isso ajudará, por exemplo, os consumidores a entender quais riscos certos dispositivos IoT podem trazer para dentro de casa . O Reino Unido também deve apresentar seu próprio projeto de lei de segurança de produtos e infraestrutura de telecomunicações. Com essas normas e muitas outras iniciativas, os gastos com medidas de segurança da IoT devem atingir US$ 6 bilhões em 2023.

  • Internet das Coisas da Saúde: Uma das maiores mudanças nesse mercado é o uso de dispositivos vestíveis (wearables) e sensores para monitorar a condição dos pacientes fora dos hospitais ou dos consultórios médicos, gerando atendimento de melhor qualidade para quem precisa de cuidados imediatos e diretos. Em 2023, veremos surgir o conceito de “ambulatório virtual”, por meio do qual médicos e enfermeiros vão monitorar e tratar pacientes em suas próprias casas, usando sensores e telemedicina.

Já os vestíveis ajudarão a reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde ao permitir que pessoas possam procurar ajuda precocemente quando algo estiver errado. Em 2023, deveremos ver mais opções de wearables, como adesivos de pele, ou mesmo soluções da Neuralink de Elon Musk, usando implantes para ler sinais neurológicos.

  • Governança e regulamentação do espaço IoT: Em 2023, a União Europeia deve  introduzir uma legislação para impor a fabricantes e operadores de dispositivos inteligentes regras mais rígidas sobre como os dados são coletados, armazenados e protegidos. Esse é apenas um exemplo de uma série de novas leis que devemos ver implementadas em todo o mundo. Enquanto isso, na Ásia, o ano de 2023 deve dar prosseguimento aos planos e iniciativas do governo chinês para implementar políticas que impulsionem a ampla adoção da tecnologia IoT no país.