Ferramenta ajuda a calcular TCO de data centers

Hoje de fazer os cálculos
Sheila Zabeu -

Março 21, 2023

Arquitetos de data centers e profissionais de finanças agora podem contar com uma ferramenta aprimorada para medir e melhorar a eficiência energética desses ambientes. Anunciada recentemente pela The Green Grid (TGG), a tggTCO, calculadora do Custo Total de Propriedade (TCO, na sigla em inglês), ajudará a entender melhor como a energia está sendo consumida e avaliar diferentes alternativas tecnológicas, como soluções de refrigeração líquida.

Data centers e redes de transmissão de dados consomem uma parte significativa e crescente da energia gerada mundialmente. Para se ter uma ideia desse número, podemos pensar apenas nos Estados Unidos, que respondem por cerca de 40% do mercado global nesse campo. E, de acordo com um levantamento da McKinsey, o consumo de energia desses ambientes deve atingir 35 gigawatts (GW) até 2030, quase o dobro do patamar de 17 GW em 2022.

Por conta dessa alta demanda, é cada vez mais premente a necessidade de usar energia de modo eficiente e contar com ferramentas específicas nessa empreitada.

Usando uma interface Web, a tggTCO demonstra como diferentes métodos de resfriamento líquido podem impactar o retorno financeiro e operacional do data center em relação aos investimentos realizados. Também permitirá que analistas de negócios e financeiros avaliem as compensações e as possíveis fontes de economia antes de projetar e construir grandes data centers.

A tggTCO é usada desde 2016, e licenças da versão atualizada podem ser adquiridas aqui. Consórcio aberto de operadores de data centers, provedores de nuvem, fornecedores de tecnologia e equipamentos, arquitetos de instalações e usuários finais, a TGG cria ferramentas, desenvolve conhecimento técnico e defende a otimização da eficiência energética e de recursos dos ecossistemas de data centers para permitir uma economia de baixo carbono.

Economia em torno dos data centers

Os data centers têm atraído o interesse de investidores, muitas vezes por conta de fluxos de caixa estáveis ​​e rendimentos ajustados aos riscos. No entanto, vários fatores podem frear essa tendência, segundo a McKinsey. Primeiro, taxas de juros mais altas elevam os custos dos acordos de financiamento. Além disso, as margens operacionais de empresas de co-location estão sob a pressão de grandes prestadores de serviços de nuvem, como Amazon Web Services e Google Cloud que, de principais clientes, passaram a ser construtores e donos de seus próprios data centers. Outros concorrentes que podem surgir no longo prazo são as empresas imobiliárias que cada vez mais investem na construção ou no aluguel de espaço para data centers.

Esse possível cenário, porém, não significa falta de oportunidades de investimento. Para a McKinsey, empresas de co-location seguirão mantendo uma posição sólida no mercado, pois os hiperescaladores ainda precisam delas para atender à demanda em rápido crescimento. Também há oportunidades no campo da operação dos data centers, energia, conectividade e outros elos da cadeia de valor.

Segundo a McKinsey, a demanda é particularmente alta e está sendo não atendida pelas atuais ofertas. Além disso, a inovação tem chances de gerar valor em quatro perspectivas principais dos data centers:

1. Energia sustentável: É alta a pressão para tornar os data centers sustentáveis​​, o que oferece aos investidores oportunidades para ajudar esses ambientes a garantir consumo de energia livre de carbono. Segundo a McKinsey, para atingir metas de sustentabilidade, proprietários de data centers estão assinando acordos com fornecedores de energia renovável. Além disso, hiperescaladores estão começando a financiar a construção de usinas de energia renovável. No Reino Unido, por exemplo, a Amazon apoiou o projeto do parque eólico da Scottish Power e está comprando toda a produção de 50 megawatts.

2. Resfriamento e consumo de energia: Resfriamento representa cerca de 40% do consumo de energia dos data centers. O custo decorrente dos períodos de paralisação devidos a superaquecimento pode ser alto. Por isso, muitos data centers estão substituindo antigos sistemas de ar condicionado por sistemas refrigerados por líquido: o calor emitido pelos servidores é retirado por ventiladores e depois resfriado com água ou outros. No entanto, é preciso investir mais.

Além das questões associadas ao resfriamento, os data centers também precisam melhorar a relação entre poder de processamento e consumo de energia. A eficácia do uso de energia (PUE, na sigla em inglês) — energia usada pelos equipamentos de computação no data center em relação ao consumo total — caiu consideravelmente desde 2007, mas os avanços desaceleraram na última década.

Para enfrentar esses desafios, investimentos estão sendo feitos em várias tecnologias, como resfriamento por imersão, inteligência artificial e aprendizado de máquina, além do uso do calor residual.

3. Construções pré-fabricadas e modulares: De acordo com o Synergy Research Group, os investimentos na construção de data centers ao nível mundial devem totalizar US$ 49 bilhões em 2030. Muitas iniciativas têm adotado soluções pré-fabricadas e modulares que permitem realizar parte do processo de construção longe do local onde os data centers estão instalados. Isso ajuda a reduzir o tempo e os custos de construção, além de elevar os níveis de segurança, qualidade e sustentabilidade.

Os quatro tipos principais de soluções pré-fabricadas ou modulares são:

  1. Pré-fabricação de componentes estruturais e arquitetônicos;
  2. Equipamentos montados sobre plataformas para montagem e conexão de componentes e sistemas mecânicos, elementos de TI, energia e refrigeração;
  3. Módulos fechados que reúnem e conectam o mesmo tipo de equipamento em um gabinete;
  4. Data centers “all-in-one”, prontos para usar e voltados ​​apenas para instalações menores de 1,0 a 1,5 MW.

4. Edge computing: Nesse segmento, há dois tipos de oportunidades de investimento. O primeiro é no campo imobiliário, já que a demanda de edge computing deve ser atendida por data centers menores, muitas vezes localizados em áreas urbanas próximas aos clientes. O segunda está na tecnologia. Componentes da pilha tecnológica de edge computing não chegam ser novidade. O desafio é como implantá-los nas bordas e, por exemplo, levar até eles recursos de inteligência artificial.