Medidos os riscos, cibersegurança só perde para clima

Sheila Zabeu -

Outubro 07, 2021

Depois de mais de um ano e meio de vulnerabilidade sanitária mundial exposta pela pandemia, um Relatório de Riscos Futuros da gestora AXA revelou que cibersegurança se tornou a segunda maior preocupação entre especialistas em gestão de riscos, perdendo apenas para mudanças climáticas.

Não surpreende o fato de pandemias e doenças infecciosas continuarem sendo uma das principais preocupações do público em geral. No entanto, profissionais gestores de riscos já mudaram  o foco para outras ameaças de longo prazo, entre elas a segurança cibernética.

Pela primeira vez, os riscos cibernéticos assumiram o primeiro lugar nesse ranking nos Estados Unidos e segundo lugar em todas as demais regiões geográficas.  Isso pode ter acontecido em função da aceleração da digitalização de quase todas as atividades, do uso mais intenso de tecnologias digitais durante o período de confinamento imposto pela pandemia e da explosão de ciberataques. Segundo o estudo, os riscos cibernéticos vieram para ficar.

FONTE: AXA – Entre os especialistas, mudanças climáticas voltaram ao primeiro lugar depois de terem sido substituídas por pandemias como principal risco no ano passado

A porcentagem de especialistas que colocou a cibersegurança entre os cinco principais riscos aumentou de 54% na pesquisa de 2018 para 61% este ano. Apenas 26% dos entrevistados acreditam que os governos estão preparados para riscos cibernéticos, número que não melhorou desde que a pesquisa fez essa pergunta pela primeira vez em 2019.

Quando questionados sobre quais aspectos os levaram a escolher cibersegurança entre os cinco principais riscos, os especialistas selecionaram “desligamento de serviços essenciais e infraestruturas críticas” (47%) e “extorsão cibernética e ransomware” (21%).

Riscos éticos relacionados ao uso de tecnologia, incluindo questões de privacidade e algoritmos com vieses, subiram em 2021 para a metade superior do ranking listando votos de especialistas. Riscos econômicos relacionados à tecnologia, por exemplo, associados a criptomoedas, subiram oito posições em comparação com a edição de 2020 da pesquisa.

FONTE: AXA

Em comparação, os especialistas estão menos preocupados com riscos relacionados a tecnologias disruptivas (como computação quântica), sistemas inteligentes (como veículos autônomos) veículos) e inovações na área médica (como edição de genes).

Já os pesquisados entre o público em geral apontam pandemias e doenças infecciosas como principais riscos, conforme era de se esperar. Colocam os riscos de cibersegurança em quarto lugar, atrás de terrorismo e ameaças como  lobos solitários e pequenos grupos usando novos métodos de ataque. Quando questionados por que apontaram essa classe de riscos entre os cinco principais, apontaram “roubo de identidade” (30%) e “perda de privacidade” (18%).

A pesquisa também revelou uma diferença entre respondentes mais jovens e mais velhos. Ao destacar a principal preocupação com risco cibernéticos, o grupo mais velho apontou o “desligamento de serviços essenciais e infraestruturas críticas”, enquanto os mais jovens deram mais destaque ao “roubo de identidade” e à “perda de privacidade”.  Além disso, entrevistados com menos de 25 anos estão mais preocupados com riscos éticos associados ao uso da tecnologia. No entanto, a principal preocupação para todos os grupos demográficos de idade foi “privacidade de informações pessoais”, incluindo biometria e dados genéticos.

FONTE: AXA

Quando perguntados se acreditavam que as pessoas estavam mais ou menos vulneráveis a esses riscos agora do que há cinco anos, 84% dos especialistas afirmaram que todos estão mais vulneráveis mundialmente, com mais votos para “muito mais vulneráveis” do que  para “um pouco mais vulneráveis.. Entre o público em geral, esse número foi de 80% em relação à parcela de 73% registrada em 2020. Para uma questão mais específica sobre sentimentos pessoais em relação a vulnerabilidades, temas associados a saúde, ambiente e tecnologia apareceram no topo da lista.

O Relatório de Riscos Futuros da AXA foi produzido em parceria com o instituto de pesquisa IPSOS e a consultoria de análise geopolítica Eurasia Group. Foram entrevistados 3.500 especialistas 60 países em gestão de risco e realizada uma pesquisa com 20 mil pessoas do público em geral de 15 países. Foi pedido aos entrevistados para classificar os cinco principais riscos futuros de uma seleção de 25 itens, com base nos potenciais impactos na sociedade nos próximos 5 a 10 anos.