Energia como Serviço para edificações cresceu nos últimos anos

Energy Environment Concept
Sheila Zabeu -

Março 09, 2023

Edifícios de pequeno e médio portes (SMBs, na sigla em inglês) já podem contar com uma nova modalidade de serviço – Energy as a Service (EaaS). Trata-se de um modelo em que não é necessário investir em infraestrutura nem em equipamentos geradores para contar com fornecimento de energia. Serviços personalizados de energia são prestados com base em um plano de assinatura, em vez de pagamento direto à concessionária.

Segundo um relatório da Guidehouse Insights, o mercado global de EaaS apresentou crescimento ao longo de 2022, apesar da desaceleração econômica ao redor do mundo. E uma área notável nos últimos dois anos foram os edifícios de pequeno e médio portes, que não contam geralmente com gerentes dedicados à administração das operações prediais, em particular, as instalações de fornecimento de energia, nem com recursos financeiros para investir e gerenciar tecnologias energeticamente eficientes.

O modelo de negócios EaaS permite que proprietários e locatários de SMBs disponham de tecnologias mais avançadas em termos de eficiência energética,  sem incorrer em despesas de  capital (CAPEX). Além disso, os SMBs podem reduzir custos associados ao consumo de energia com mais facilidade.

O mercado EaaS para SMBs está evoluindo com rapidez justamente para atender às demandas em evolução. A busca por mais recursos de geração e armazenamento de energia localmente, digitalização, descentralização e compromissos de descarbonização, além da maior frequência de eventos climáticos extremos são alguns dos fatores que estão contribuindo para o crescimento do EaaS.

“Vários elementos têm estimulado a adoção do modelo EaaS entre SMBs, entre eles economia de energia e apelos de sustentabilidade. Os clientes se sentem interessados pelo modelo de Energia como Serviço também por conta de questões de resiliência, manutenção facilitada e atualização das instalações com apenas despesas operacionais (OPEX) e ROI imediato”, ressalta o relatório.

De acordo com o estudo da Guidehouse Insights, a expectativa é que o valor do mercado de EaaS para SMBs cresça de US$ 468,5 milhões em 2022 para US$ 2,4 bilhões até 2031, com uma taxa composta de crescimento anual de 19,8% durante esse período.

EaaS em detalhes

O objetivo do conceito Energy as a Service é agregar valor às iniciativas voltadas à eficiência energética, quase nunca proporcionado pelas concessionárias por razões financeiras ou falta de políticas governamentais mais rigorosas. Esse modelo de negócio apresenta uma solução para os desafios associados à pegada de carbono, falta de digitalização no setor de energia e distribuição centralizada.

Conforme detalha a Delloite, o modelo EaaS combina hardware, software e serviços para garantir gerenciamento de demanda e eficiência energética e facilitar a adoção de fontes renováveis e descentralizadas. É uma plataforma altamente sincronizada, na qual milhões de ativos físicos inteligentes se interconectam, com uma camada digital que coordena e distribui energia e informação em tempo real, permitindo que inúmeros produtos e serviços interativos sejam negociados. O resultado é um grande conjunto de produtos de energia baseados em dados e serviços que incorporam novos tecnologias e melhorias de eficiência.

Energy-as-a-Service na visãao da Deloitte
Fonte: Deloitte

Segundo a Delloite, o principal benefício do EaaS está na simplificação da oferta de serviços cada vez mais multifacetada. Todos os aspectos de propriedade, operação, manutenção, software e análises são invisíveis para os usuários. Além disso, podem ser adaptados às necessidades específicas de cada cliente.

Embora ainda sejam novidade para muitos setores, com a crescente conscientização em torno de eficiência energética, os modelos EaaS têm potencial para crescer no futuro, como já está acontecendo mesmo entre usuários de menor porte, como pequenos e médios edifícios.

A expectativa é que o EaaS avance ao longo dos anos de um modelo básico que atende às demandas essenciais dos clientes para passar a oferecer serviços mais abrangentes e ainda mais personalizados, com uma rede que facilite a inclusão de fontes renováveis. A Siemens já deu um passo nessa direção, anunciando em 2020 uma joint-venture nos Estados Unidos para operar painéis solares, usinas de baterias e microrredes e fornecer energia como serviço.

A GoodFirms realizou uma pesquisa em janeiro de 2023 para identificar fatores que estão impulsionando o crescimento do EaaS e os benefícios que as organizações podem colher ao implementar esse modelo. Foram consultadas 410 empresas sobre suas iniciativas, processos e metas de sustentabilidade no quesito consumo de energia.

Quase 40% dos entrevistados esperam adotar um modelo EaaS no futuro. Algumas restrições nas áreas financeira, operacional, administrativa ou outras questões os impedem de implementá-lo agora.

De outro lado, 31,6% dos entrevistados estão iniciando o processo de adoção do EaaS, com foco na sustentabilidade e na adoção de mais fontes de energia renovável e também por conta de subsídios governamentais para iniciativas de geração de energia verde e descarbonização.

A parcela de 22,8% dos entrevistados parece não estar interessada em modelos EaaS atualmente por não se considerar grandes consumidores de energia.

O modelo Energy as  Service pode ainda estar em sua infância, por isso muitas organizações não se sentem confortáveis para adotá-lo. Falta de conhecimento sobre os potenciais benefícios é um grande obstáculo no caminho da expansão do EaaS. Ainda assim, existem fatores determinantes que podem pavimentar essa estrada. Segundo a GoodFirms, o principal elemento impulsionador do EaaS são os desafios enfrentados pelas organizações com seus atuais modelos de fornecimento de energia, como aumento das tarifas, maior demanda, perda de energia e questões ambientais, entre outros.