E se for possível ter data centers modulares neutros em carbono e água?

Uma fornecedora de data centers modulares está implantando soluções neutras em carbono e que não usam água. A Edged Energy afirma que, com sua plataforma modular da para data centers, está estabelecendo um novo padrão de eficiência e resiliência com PUE (Power Usage Effectiveness) de 1,15 mesmo em lugares com climas mais quentes. Esses módulos são considerados neutros em emissão de carbono e usam sistemas de resfriamento sem água.

Uma das implantações mais recentes começou em maio passado na cidade de Aurora, na região de Chicago (Estados Unidos). O novo campus, batizado de Aurora TechPark, será construído em três fases, sendo que a primeira está prevista para ser concluída em junho de 2024. Também estão em fase inicial de construção outro data center em Kansas, Missouri, e um em Atlanta, no estado da Georgia.

Segundo a Edged Energy, sua plataforma para data centers é otimizada para garantir eficiência energética e hídrica. Ao contrário dos modelos tradicionais, que vêm exercendo grande pressão sobre as redes elétricas e de fornecimento de água no mundo inteiro, essa nova implantação em Aurora, por exemplo, será equipado com uma tecnologia de resfriamento ultraeficiente que pode lidar com cargas de alta densidade (de até 50 kW por rack em configurações refrigeradas a ar e densidades maiores com componentes de refrigeração líquida), sem consumir água. Conforme a empresa, o design da plataforma ajuda a garantir que as operações dos data centers sejam neutras em carbono. O campus em Aurora também permitirá carregar veículos elétricos no local.

Mais de uma dúzia de data centers usando a tecnologia da Edged Energy estão atualmente em construção no mundo. Na Península Ibérica em especial, uma associação com a empresa do ramo imobiliário ibérico Merlin Properties iniciada em 2021 incrementou o mercado local com a construção de data centers em Barcelona, Madrid-Getafe, Bilbao-Arasur e Lisboa ao longo dos anos.

Data centers neutros e verdes

Uma pesquisa da S&P Global Market Intelligence revelou que empresas que são proprietárias, operam ou alugam serviços de data centers, estão preocupadas com questões de sustentabilidade dessas instalações. Também apontou que grande parte delas continua se concentrando no uso de energias renováveis que as permitam se tornarem neutras em termos de consumo de energia e água.

Arquiteturas modulares e distribuídas de data centers podem contribuir para acomodar fontes de energia renovável em locais onde o recurso é limitado e também para elevar a eficiência das operações. Além disso, segundo o Gartner, o resfriamento líquido pode até ser até 3.000 vezes mais eficaz, consumindo menos energia. Sem falar do resfriamento assistido por Inteligência Artificial (IA), que usa dados de sensores em tempo real para resfriar os sistemas conforme necessário, com uso ideal da energia.

E por que não pensar em data centers movidos a hidrogênio? A ECL, por exemplo, apresentou em janeiro uma arquitetura de data centers modulares e sustentáveis que usa hidrogênio verde como principal fonte de energia. A solução usa blocos de 1 MW com 99,9999% de tempo de atividade, tendo sido otimizada para data centers de médio porte. Segundo a ECL, instalações desse tipo não consomem recursos locais, como energia e água, e opera com zero emissões de carbono e níveis de ruído extremamente baixos. O sistema de resfriamento usado pela ECL permite densidades por rack muito maiores do que as de data centers tradicionais. A água que surge como subproduto da geração de energia baseada em hidrogênio é usada para resfriar os racks, eliminando o uso de fontes hídricas externas. Além disso, essas instalações podem ser entregues muito mais rapidamente do que outros modelos, reduzindo os ciclos de planejamento e construção para seis a nove meses.

Durante o Global Smart Green Data Center Summit 2023 realizado em julho passado na Mongólia, a Huawei Digital Power Technologies também discutiu como está usando quatro tecnologias (bit, watt, calor e bateria para construir data centers de pequeno, médio e grande portes que sejam modulares e inteligentes.

O mercado global de data centers modulares deve somar US$ 30,8 bilhões em 2023 e atingir US$ 61,5 bilhões em 2027, com uma taxa composta de crescimento anual de 18,9%. O principal impulsionador do crescimento deve ser o número crescente de regulamentações de proteção ambiental e de consumo de energia. Por exemplo, a Comissão Europeia está estudando formas de elevar a eficiência energética dos data centers para alcançar a neutralidade de carbono na região até 2030, nos termos do Acordo Verde Europeu.

Além das iniciativas governamentais, o setor privado também está se movimentando. A CyrusOne, empresa com sede nos Estados Unidos que opera dezenas de data centers em todo o mundo, por exemplo, comprometeu-se a se tornar neutra em carbono até 2040. A inovação também está fomentando esse mercado, como várias empresas integrando novas tecnologias. Por exemplo, a francesa Schneider Electric SE, especializada em automação e gestão energética, lançou um serviço voltado a clientes europeus para instalar data centers pré-fabricados em apenas 12 semanas.

Em 2022, a América do Norte foi a maior região do mercado de data centers modulares, mas a expectativa é que Ásia-Pacífico seja a que mais cresça no período de previsão do estudo.