Digital twins ajudam a acelerar lançamentos de dispositivos médicos

A Accenture, por meio da Accenture Ventures, realizou um investimento que considera estratégico na Virtonomy, fornecedora de soluções de simulação que usa dados de pacientes e tecnologia de gêmeos digitais (digital twins) para acelerar a chegada de dispositivos médicos ao mercado.

A solução de simulação de digital twins da Virtonomy permite que fabricantes de equipamentos médicos criem ambientes virtuais de pacientes para testes a um custo reduzido e com menor grau de complexidade regulatória. A solução conta com uma crescente base de dados clínicos reais que refletem fatores como variabilidade anatômica, diversidade demográfica e condições patológicas.

“A tecnologia de gêmeos digitais, juntamente com dados, análises e Inteligência Artificial (IA), está abrindo portas para infinitas novas possibilidades de reinventar o setor de ciências da vida. No entanto, sempre deve haver uma base de dados sólida para fazer simulações precisas. Trabalharemos com a Virtonomy para definir uma estratégia para coleta de dados em tempo real que inclua dados históricos de alta qualidade, bem como o monitoramento contínuo de dados e validação de novas fontes”, afirma Tom Lounibos, diretor administrativo da Accenture Ventures.

Por exemplo, a solução da Virtonomy pode usar dados de ensaios clínicos para criar ambientes virtuais nos quais dispositivos médicos podem ser facilmente configurados, ajustados e validados. Os potenciais impactos poderão ser vistos imediatamente. Essa abordagem economiza tempo e ainda atende às exigências regulatórias e éticas, ressaltam as empresas.

Com sede em Munique, na Alemanha, a Virtonomy conta com uma equipe interdisciplinar de especialistas em engenharia médica, processamento de imagens e dados, visualização e prática clínica.

Na visão de Petra Jantzer, diretora administrativa sênior e líder global da prática Accenture Life Sciences, as chamadas medtechs estão priorizando a saúde digital investindo em P&D, tecnologias, transformação digital e criando novos modelos de negócios. “A tecnologia de digital twins da Virtonomy pode ajudar a aprimorar o design de equipamentos médicos em um ambiente virtual, acelerando os ciclos de desenvolvimento e reduzindo custos, riscos e barreiras regulatórias. A Virtonomy está reinventando o modo como dispositivos médicos estão sendo levados aos pacientes com segurança e rapidez”, afirma a executiva.

“A indústria de equipamentos médicos está enfrentando uma complexidade crescente nos processos de desenvolvimento, gerando riscos e custos e o aumentando o tempo necessário antes de lançá-los no mercado. A tecnologia de gêmeos digitais pode ajudar a superar esses desafios. A experiência da Accenture em estratégia e gestão de dados ajudará a Virtonomy a expandir as bases de dados clínicos existentes, com informações essenciais e insights que podem otimizar o processo de fabricação de equipamentos médicos”, afirma Simon J. Sonntag, cofundador e CEO da Virtonomy.

Esse investimento faz parte do Projeto Spotlight, da Accenture Venture, voltado para empresas emergentes de software que podem ajudar a preencher lacunas de inovação estratégica. Além de capital, o projeto dá acesso à expertise tecnológica da Accenture e de seus clientes empresariais.

Como gêmeos digitais encurtam o ciclo de desenvolvimento?

Assim como em qualquer outro setor de atividade, a área médica precisa cumprir alguns passos no ciclo de desenvolvimento de novos produtos e equipamentos, precisando de muito tempo e dinheiro para realizar os testes necessários para aprovação regulatória. Muitas vezes, o processo de aprovação também inclui experimentos com animais e humanos que eventualmente precisam ser repetidos por conta de resultados insatisfatórios.

Será que esses testes poderiam ser abolidos de alguma forma? Provas com animais não devem ser questionadas apenas do ponto de vista ético, mas também abordados sob critérios de duração e custos que, muitas vezes, são subestimados. Segundo a Virtonomy, para determinados produtos, a aprovação regulamentar pode demorar até 10 anos e os custos incorridos durante esse período podem superar 100 milhões de euros ou mais. Além disso, esse ciclo de provas pode até ter de se repetir algumas vezes até que aprovação regulatória seja conseguida.

Pensando nisso, a solução da Virtonomy propôs usar pacientes virtuais, desde a fase criação do protótipo do produto médico a ser desenvolvido. Pacientes virtuais descrevem simulações interativas em saúde que podem ser feitas para avaliar e estabelecer diagnósticos ou decisões terapêuticas.

Os desenvolvedores poderão validar o design antes mesmo de criar um protótipo e, então, fazer todas as alterações necessárias para garantir que o design final se encaixe no grupo de pacientes-alvo. Além disso, é possível testar em um número maior de pacientes, por exemplo, pessoas de ambos os sexos com várias origens étnicas, idades e tipos físicos.

Ao usar modelos animais, testes com animais podem ser reduzidos significativamente, afirma a Virtonomy. Um exemplo prático de como os modelos animais virtuais são realmente eficazes vem da fabricante sueca de um coração totalmente artificial, o RealHeart. O design inicial do dispositivo foi ajustado usando pacientes virtuais para se ajustar à anatomia da espécie e da raça animal desejada. Além disso, usando um visualizador 3D, foi possível definir o procedimento de implantação, resultando em uma série de testes bem-sucedidos em animais.