Data centers invadem a lua e o mar

Sheila Zabeu -

Abril 25, 2022

Data centers já estão ganhando espaço em terrenos subaquáticos e em solo lunar. O primeiro modelo, dos  data centers submarinos, faz parte de um projeto pioneiro financiado pelo governo sul-coreano sob comando do Instituto Coreano de Ciência e Tecnologia Oceânica (KIOST) cujo objetivo é construir um espaço submarino para uma variedade de propósitos na costa sudeste do país perto da área metropolitana de Ulsan. O projeto prevê investimentos no valor de US$ 30,8 milhões no período de cinco anos (2022-2026) e a participação de mais de 2,3 mil instituições.

Segundo Song Cheol-ho, prefeito de Ulsan, o projeto fará pesquisas envolvendo, entre outras tecnologias, data centers subaquáticos de alta eficiência bem como recursos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para fornecer energia e sistemas de comunicação no ambiente marinho. “O desenvolvimento de tecnologias submarinas contribuirá para a expansão dos data centers para que possam operar com alta eficiência energética e estabilidade um ambientes subaquáticos”, afirmou  o prefeito ao falar do projeto.

Espera também que o projeto crie habitats subaquáticos, como residências, áreas de trabalho e centros de saúde, e desenvolva outras tecnologias para construção, operação e manutenção desses espaços. Para demonstrar as tecnologias desenvolvidas, o projeto vai instalar uma estrutura subaquática modular que permita que três pessoas permaneçam a uma profundidade de 30 metros por 30 dias.

FONTE: KIOST – Módulo do data center subaquático

Em uma iniciativa similar no campo dos data centers, já tiveram início na China as obras para construir o primeiro data center subaquático comercial do mundo na costa da ilha de Hainan. O trabalho está sendo realizado a 20 metros de profundidade na costa do Porto de Livre Comércio de Hainan seguindo um projeto anunciado em maio de 2021. Já foram realizados testes de equipamentos do data center funcionando em uma cabine subaquática, operando eficientemente refrigerados pela própria água do mar.

O conceito de data centers subaquáticos foi apresentado inicialmente pela Microsoft, em seu projeto Natick. Hoje, o trabalho já se encontra em segunda fase, cujo objetivo é demonstrar que é possível fabricar módulos de data center subaquáticos em escala real e implantá-los em menos de 90 dias. O navio da fase 2 foi implantado no Centro Europeu de Energia Marinha, localizado nas Ilhas Orkney, no Reino Unido, em junho de 2018.

Mirando na lua

Para aqueles que têm aversão ao mar, já está sendo encaminhada uma solução para levar data centers para a Lua. A startup Lonestar Data Holdings anunciou recentemente que vai levar uma série de data centers até a superfície lunar e, para isso, já contratou duas primeiras missões para levar os primeiros equipamentos.

A Lonestar vê a Lua como um local ideal para atender um segmento premium do setor de armazenamento de dados avaliado em US$ 200 bilhões, ao mesmo tempo em que leva em conta aborda as principais questões ambientais desencadeadas pelo crescimento das instalações de data center ao redor do mundo.

“Dados são a principal moeda criada pela raça humana. Dependemos deles para quase tudo o que fazemos e, por isso, é muito crítico para nós, como espécie, armazená-los na biosfera cada vez mais frágil da Terra. O maior satélite da Terra, a Lua, é o lugar ideal para armazenar nosso futuro com segurança”, afirma Chris Stott, fundador da Lonestar.

Segundo a empresa, após testes inovadores bem-sucedidos de data centers avançados em dezembro de 2021, a Lonestar está agora em condições de seguir em frente com o primeiro de seus data centers lunares. A Lonestar já fez os registros de espectro necessários para suas missões junto à ITU, tendo a a Lua como foco.

A Lonestar também contratou a empresa de aterrissagem lunar Intuitive Machines para levar um minidata center de prova de conceito à Lua no próximo ano. Também assinou um contrato com a Intuitive Machines para testar recursos de transferência e armazenamento de dados durante a primeira missão do módulo IM-1, que tentará pousar a espaçonave robótica Nova-C no Oceanus Procellarum na Lua.