Coreia do Sul vai construir campus de data centers de 1 GW

Sheila Zabeu -

Agosto 31, 2023

O governo da Coreia do Sul anunciou planos de construir até 2037 um campus de data centers com capacidade de 1 GW movido a energia solar. A região escolhida para o projeto está localizada no sudoeste do país, em um complexo que integrará até 25 data centers na cidade de Haenam província de Jeollanam. A área foi avaliada como adequada para explorar a energia solar e por contar uma rede elétrica robusta.

Para conduzir os trabalhos de construção, o Ministério do Comércio, Indústria e Energia assinou no dia 24 de agosto um acordo comercial com Jeollanam, Haenam, Korea Electric Power Corporation (maior concessionária de energia elétrica da Coreia do Sul), Jeonnam Development Corporation e sete empresas de investimentos (Samsung C&T, LG CNS, NH Investment & Securities, Bosung Industry, TGK, Korea DRD e Deus Systems).

Os data centers serão construídos em fases — a primeira com cinco edifícios e uma subestação de 300 MW; mais cinco data centers e uma segunda subestação serão construídos em uma segunda etapa; e mais oito instalações deverão ser construídas até 2037.  Segundo o governo sul-coreano, o projeto inteiro deverá consumir cerca de US$ 7,5 bilhões. O governo também implementará um plano de mitigação dos potenciais impactos negativos do complexo de data centers.

Fonte: Technavio

Segundo Ron Vokoun, especialista em construção de data centers, a variável mais importante que impacta as despesas desse tipo de ambiente é o valor gasto na construção das instalações físicas, que representa, em média, cerca de 45% do custo total dos data centers. As estimativas dos custos de construção podem variar em grande medida, desde US$ 200 até mais de US$ 1.000 por pé quadrado. É claro que é possível reaproveitar instalações existentes para servirem como data centers.

Mercado em aquecimento

O mercado de construção de data centers deve crescer 10,2% entre 2022 e 2027 para atender a demanda em alta das soluções de Inteligência Artificial (IA) e computação em nuvem, segundo relatório recente da empresa de pesquisa e consultoria Technavio.

Google, Amazon.com, Apple e Facebook têm feito grandes investimentos na construção de seus próprios data centers.  No final de agosto, também começaram as movimentações da construção do campus de data centers da Microsoft avaliado em US$ 1 bilhão, em Mount Pleasant, Wisconsin (EUA), revelada em março passado. Já a Oracle, segundo seu presidente Larry Ellison afirmou em uma conferência com analistas, planeja construir “centenas de data centers” em todo o mundo, com pelo menos um “em cada país”. Provavelmente, serão relativamente pequenos e de baixo custo, diferentemente do que seus pares do mercado estão fazendo.

Seja qual for o tamanho do data centers, uma importante tendência do mercado é que eles sejam sustentáveis e energeticamente mais eficientes e também minimizem os impactos ambientais. Também devem criar um ecossistema preocupado com a reciclagem de resíduos e usar materiais de construção com baixos níveis de emissões de carbono. Além disso, os chamados data centers verdes devem aplicar tecnologias e estratégias avançadas na construção e na operação das instalações. Esse mercado de data centers sustentáveis deve apresentar um crescimento anual composto de 24,63% entre 2022 e 2027, impulsionado principalmente pelo aumento do consumo e do custo da energia elétrica.

Motivos para investir no mercado de data centers sustentáveis não faltam. Por serem grandes consumidores de energia, a pressão para tornar os data centers está crescendo – alguns governos e órgãos reguladores já estão impondo normas mais rígidas para data centers recém-construídos ou em construção. Ainda que pareça ser um obstáculo, essa limitação pode representar oportunidades para investidores que se propõem a ajudar os data centers a garantir um consumo de energia isento de carbono, ressalta um artigo da Mckinsey.

Outro fator que deve estimular ainda mais o crescimento do mercado de data centers sustentáveis é a Inteligência Artificial (IA). Segundo cálculos de Marc Ganzi, CEO da DigitalBridge, empresa global de investimentos em infraestrutura digital, a demanda dessa tecnologia por poder de processamento e armazenamento deve atingir 38 GW e consumir centenas de bilhões de dólares para fornecer recursos de data centers, fibra e torres. Isso representa oportunidades de negócios para empresas de infraestrutura digital que eventualmente podem ultrapassar o mercado de serviços em nuvem, que atualmente totaliza cerca 13 GW de capacidade com um valor de US$ 300 bilhões anuais.

Apenas para se ter uma ideia do consumo de recursos dessas instalações, podemos considerar o exemplo dos Estados Unidos, onde estão localizados mais de 30% dos data centers do mundo. Lá, energia consumida pelos data centers representa cerca de 2% do consumo de eletricidade do país. Além disso, estão entre os setores de atividade que mais consomem água em solo norte-americano.