Data centers: Cinco áreas de impacto ambiental

Sheila Zabeu -

Setembro 19, 2022

Tecnologias digitais têm sido extremamente importantes para nossas vidas cotidianas, principalmente em tempos de pandemia, reduzindo distâncias e viabilizando atividades que seriam, de outro modo, praticamente impossíveis, como o trabalho remoto. No entanto, tudo isso tem seu preço que pode ser medido em várias moedas. Uma delas é a sustentabilidade ambiental.  

Um dos principais ecossistemas digitais geradores de impactos ambientais relevantes são os datacenters. Em abril de 2019, estimou-se que datacenters em todo o mundo usaram mais de 2% da eletricidade mundial e geraram o mesmo volume de emissões de carbono que o setor aéreo global (em termos de consumo de combustível). Além disso, segundo o professor John Naughton da British Open University, datacenters representam cerca de 50% de toda a energia consumida pelos ecossistemas digitais. Dispositivos pessoais usam outros 34%, e as indústrias responsáveis por sua fabricação usam 16%. 

Existem vários milhões de data centers em todo o mundo. Cada instalação faminta de energia pode conter dezenas de milhares de servidores, consumindo recursos ambientais mais do que países inteiros. O efeito ambiental combinado de todos esses data centers tornou-se uma preocupação crescente para os governos e o público em geral.

E quanto mais tecnologias surgem, maiores são os impactos ambientais. A energia do data center continua a acelerar à medida que bilhões de dispositivos continuam a ingressar na Internet das Coisas (IoT), a inteligência artificial (IA) se torna onipresente e outros aplicativos, como a criptomoeda baseada em blockchain, evoluem.  Um artigo publicado por pesquisadores da Universidade de Massachusetts Amherst revelou que treinar uma máquina de Inteligência Artificial poderia emitir cinco vezes mais carbono do que um carro (incluindo combustível) usado durante a vida de uma pessoa, em média.  

Uma das principais fontes de consumo de energia para data centers são os sistemas de refrigeração. Esses sistemas podem ser responsáveis ​​por até 40% do consumo total de energia de um data center. 

Pensando em ajudar na tarefa de tornar os datacenters ambientalmente mais sustentáveis, a Schneider Electric, empresa envolvida em iniciativas de gestão e automação de sistemas energéticos, anunciou uma estrutura que propõe cinco áreas de impacto ambiental e métricas para operadores de datacenters que desejam trilhar uma jornada rumo à sustentabilidade.  

“Relatórios de sustentabilidade ambiental tem recebido uma atenção crescente de muitos operadores de datacenters. Ainda assim, o setor carece de uma abordagem padronizada para medir e relatar impactos ambientais. Por isso, a Schneider Electric desenvolveu uma estrutura holística com métricas padronizadas para orientar esses operadores e o setor de forma geral. Nossa intenção é aprimorar o benchmarking e avançar em direção à sustentabilidade”, afirma Pankaj Sharma, vice-presidente executivo da Divisão de Energia Segura da Schneider Electric. 

A estrutura da Schneider Electric foi desenvolvida em seu Centro de Pesquisa de Gestão de Energia contando com especialistas na área de ESG (Environmental, Social and Governance), consultores de sustentabilidade, cientistas e arquitetos de datacenters. O centro foi criado em 2002 e já apresentou mais de 200 white papers e ferramentas que estão disponíveis gratuitamente, segundo a empresa. 

Foram identificadas 23 métricas em cinco categorias que representam uma abordagem holística para sustentabilidade para datacenters: 

  • Energia – O rápido crescimento dos datacenters tornam o consumo de energia e a eficiência energética um foco importante na jornada de sustentabilidade. Além de reduzir o consumo por meio de operações eficientes, o consumo de energia renovável pode ajudar a reduzir as emissões de carbono. 

  • Emissões de gases de efeito estufa – De acordo com o protocolo GHG e a ISO 14064, existem três categorias de emissões de gases de efeito estufa (Escopo 1, 2 e 3). Algumas métricas da estrutura da Schneider Electric ajudam a medir essas emissões. 

  • Água – Torres de resfriamento e outras técnicas são soluções comuns usadas por datacenters devido à alta eficiência de refrigeração, no entanto, consomem muita água. Uma pesquisa do Uptime Institute mostrou que um datacenter de 1 MW com métodos tradicionais de resfriamento usa cerca de 25 milhões de litros de água por ano. Além disso, a geração de eletricidade pode exigir grandes volumes de água maiores do que os utilizados para resfriamento. Consumir água recuperada ou reciclada em vez de água potável pode ajudar a reduzir a pressão sobre os sistemas hídricos locais. E reportar como a água é utilizada está se tornando cada vez mais importante para os operadores de datacenters como parte das metas de sustentabilidade. 

  • Resíduos — Datacenters produzem resíduos durante as atividades de construção e operação. A aplicação de metodologias de design e processos de economia circular pode ajudar nossos avanços de sustentabilidade e deve ser reportada. 

  • Uso do solo e biodiversidade — Datacenters geram impacto direto no terreno onde são construídos e impacto indireto no ecossistema. Comparado com edifícios comerciais da área total, os datacenters utilizam uma área relativamente menor, no entanto, parques solares e eólicos dedicados para abastecê-los de energia podem gerar impactos significativos sobre à terra e a biodiversidade. É importante medir esses impactos e também reportá-los. 

Mais detalhes sobre cada métrica listada pela estrutura da Schneider Electric podem ser encontrados aqui

Lembre-se: Tudo começa com uma estratégia, com objetivos claros e ações priorizadas. Alinhe a experiência e os recursos internos, fazendo com que as equipes de projeto, aquisição, operações de instalações e sustentabilidade trabalhem juntas. Em seguida, faça um caso de negócios para justificar e financiar projetos, que exigirão patrocínio e liderança executiva… e provavelmente uma estratégia para atribuir valor ao carbono, seja por meio de precificação de carbono ou limites de emissões de CO2.