Amazon revela antenas para futura rede do projeto Kuiper 

antena para acesso à rede de internet via satélite da Amazon
Sheila Zabeu -

Março 21, 2023

Durante uma conferência da indústria de satélites realizada recentemente em Washington D.C., nos Estados, a Amazon apresentou pela primeira vez três modelos de antenas do projeto Kuiper, sua futura constelação de satélites de órbita baixa (LEO – Low Warth Orbit). Detalhes do projeto foram anunciados em novembro de 2021, quando a empresa revelou que o objetivo é fornecer acesso rápido de banda a comunidades não atendidas e carentes em todo o mundo.

Para usar o serviço, será preciso instalar uma antena externa (terminal) para se comunicar com os satélites. Segundo a Amazon, esse equipamento tem sido tradicionalmente muito grande, muito complexo e muito caro, dificultando as iniciativas que pretendem reduzir a lacuna digital.

No evento, a Amazon apresentou três modelos de terminais de baixo custo com os quais planeja atender dezenas de milhões de clientes. A meta ambiciosa é ter um terminal que custe menos de US$ 500 para ser construído, usando uma arquitetura menor e mais leve que os designs tradicionais. A equipe de engenheiros da Amazon segue trabalhando para tornar esses equipamentos ainda menores, mais acessíveis e com mais recursos.

A antena padrão do Projeto Kuiper mede menos de 11 polegadas (27,94 cm) quadradas e 1 polegada (2,54 cm) de espessura. Pesa menos de cinco quilos sem o suporte de montagem. Pode oferecer velocidades de até 400 megabits por segundo (Mbps) e o custo de produção pretendido pela Amazon é de menos de US$ 400 cada.

O design da menor antena tem 7 polegadas (17,78 cm) quadradas, pesa apenas meio quilo e garante velocidades de até 100 Mbps. O modelo pode atender tanto clientes residenciais que buscam custo mais baixo, quanto governamentais e empresariais com aplicações com foco em mobilidade terrestre e Internet das Coisas (IoT).

O terceiro modelo é voltado para demandas de largura de banda mais exigentes. Mede 19 polegadas por 30 polegadas e oferece velocidades de até 1 gigabit por segundo (Gbps).

Os terminais do projeto Kuiper utilizam um chip projetado pela Amazon, sob o codinome Prometheus, que combina poder de processamento dos cartões 5G encontrado em smartphones, recursos de uma estação base de celular para lidar com o tráfego de milhares de clientes ao mesmo tempo, e capacidade de uma antena backhaul de micro-ondas para suportar conexões ponto a ponto. O Prometheus também é usado nos próprios satélites e antenas terrestres do Project Kuiper, podendo processar até 1 terabit por segundo (Tbps) de tráfego nas bordas de cada satélitel, segundo a Amazon.

A empresa planeja lançar os dois primeiros protótipos de satélites no primeiro semestre de 2024, no voo inaugural do foguete Vulcan Centaur da United Launch Alliance (ULA). A missão ajudará os engenheiros do projeto Kuiper a obter dados reais sobre o desempenho dos sistemas no espaço e testar a rede de comunicação de ponta a ponta. Paralelamente, a Amazon está iniciando operações em escala para oferecer serviços comerciais. Os primeiros clientes devem ter acesso ao serviço no final de 2024.

Em tempo: no início de 2022, a SpaceX, de Elon Musk apresentou satélites LEO que prometem velocidades mais altas e maiores taxas de transferência pelo custo de uma taxa única de US$ 2.500 referente ao hardware e mais US$ 500 por mês pelo serviço. Já os modelos Starlink básicos cobram cerca de US$ 500 pelo hardware e US$ 100 por mês pelo serviço.

Mercado em expansão e controverso

Satélites de órbita terrestre baixa (LEO) têm o potencial de revolucionar a Internet, dando a milhões de pessoas em comunidades remotas e rurais ainda desconectadas a capacidade de desbravar o mundo online. Dados da International Telecommunication Union dão conta de 2,9 bilhões de pessoas ainda estavam off-line em 2021, sendo que 96% viviam em países em desenvolvimento.

Diante desses números, já era de se esperar uma corrida em torno dos satélites LEO. A União Europeia (UE), por exemplo, anunciou recentemente planos envolvendo sistema de satélites LEO no valor de € 6 bilhões para garantir melhor acesso de banda larga à região. O projeto faz parte de esforços para reduzir a dependência de empresas estrangeiras e proteger os principais serviços de comunicação e dados de vigilância contra interferências externas.

Com investimentos intensos nessa disputa, a SpaceX oferece serviços em dezenas de países em todos os continentes, com mais de 2.000 satélites funcionais orbitando no céu. Há controvérsias em torno do crescimento da constelação Starlink de Musk. Membros da comunidade científica levantaram preocupações sobre o crescente impacto dos satélites na visibilidade do céu noturno. Além disso, concorrentes da SpaceX iniciaram disputas regulatórias na tentativa de desacelerar o ímpeto da Starlink.

Apenas como comparação, a OneWeb, uma das concorrentes da SpaceX cujos principais patrocinadores são o governo do Reino Unido, Bharti Enterprises da Índia e Eutelsat da França, tem 350 satélites em órbita e planeja dobrar sua constelação, totalizando um número bem menor do que a Starlink.