Amazon lança dois protótipos de satélite do projeto Kuiper

Project Kuiper makes first contact with prototype satellites
Sheila Zabeu -

Outubro 09, 2023

No último dia 6 de outubro, a Amazon lançou, do Cabo Canaveral, na Flórida (EUA), um foguete transportando dois protótipos de satélites do projeto Kuiper, depois de mais de quatro anos do anúncio do plano de investir na criação de uma constelação de satélites de órbita baixa (Low Earth Orbit, LEO) par oferecer uma rede global para acesso à Internet via satélite.

 O centro de operações da missão, em Redmond, Washington, já fez o primeiro contato com o KuiperSat-2, estabelecendo um link de telemetria pela primeira vez.  Esse contato é uma das várias etapas da missão que visa transferir dados sobre as condições dos satélites e estabelecer fluxos de comunicação mais regulares.

“O lançamento de hoje deu início a uma nova fase de nossa missão Protoflight, e há um longo caminho a percorrer, mas ainda assim é um marco empolgante”, afirma Rajeev Badyal, vice-presidente de tecnologia do Projeto Kuiper.

Segundo a Amazon, essa missão é uma importante oportunidade de aprendizado para a equipe. Uma série de testes agregará dados do mundo do espaço e anos de dados coletados em testes de laboratório e de campo, com mais informações sobre o desempenho da rede do projeto Kuiper no solo e no espaço.

“Temos realizados testes extensivos em nosso laboratório e temos um alto grau de confiança no projeto de nossos satélites, mas não havia nada sobre testes em órbita. Esta é a primeira vez que a Amazon coloca satélites no espaço, e vamos aprender muito, independentemente de como a missão se desenrolará”, acrescenta Badyal.

A Amazon pretende lançar mais de 3.200 satélites ao longo dos próximos seis anos, com o serviço de banda larga começando assim que houver 578 satélites em órbita. A companhia deve investir mais de US$ 10 bilhões no projeto.

O projeto Kuiper se baseia em três elementos principais: satélites LEO avançados de banda larga, terminais pequenos e acessíveis e uma rede de comunicações terrestre. A missão Protoflight testará todas as três partes, juntamente com as equipes e sistemas que as gerenciam.

Em março passado, a Amazon apresentou três modelos de terminais. Com essas antenas de baixo custo, a empresa planeja atender dezenas de milhões de clientes. A meta ambiciosa é ter um terminal que custe menos de US$ 500 para ser construído, usando uma arquitetura menor e mais leve que os designs tradicionais.

Esses terminais utilizam um chip projetado pela própria Amazon, sob o codinome Prometheus, que combina poder de processamento dos cartões 5G, recursos de uma estação base de celular e capacidade de uma antena backhaul de micro-ondas para suportar conexões ponto a ponto. O Prometheus também é usado nos próprios satélites e antenas terrestres do projeto Kuiper, podendo processar até 1 terabit por segundo (Tbps) de tráfego nas bordas de cada satélite, segundo a Amazon.

Concorrentes no espaço

No dia 9 de outubro, a SpaceX lançou, da base da Força Espacial de Vandenberg, na Califórnia,  mais 21 satélites para se somarem à sua constelação Starlink. A SpaceX já oferece serviços em dezenas de países em todos os continentes, com mais de 4.000 satélites funcionais orbitando. Apenas como comparação, a OneWeb, uma das concorrentes mais próximas da posição da SpaceX, cujos principais patrocinadores são o governo do Reino Unido, Bharti Enterprises da Índia e Eutelsat da França, tem em torno de 600 satélites, um número bem menor do que o da Starlink.

Em mais um movimento recente no mercado de serviços de satélite, no final de setembro, foi anunciada a conclusão da fusão entre Eutelsat, fundada em 1977, e OneWeb, criada em 2012, para formar o Grupo Eutelsat. Com uma frota de 37 satélites geoestacionários (GEO) e uma constelação LEO de mais de 600 satélites que atende emissoras, provedores de serviços de mídia, operadoras de telecomunicações, ISPs e agências governamentais, o Grupo Eutelsat é o primeiro operador de satélites do mundo com um sistema integrado de infraestruturas GEO e LEO.

Segundo anúncio do grupo recém-formado, a frota integrada combinará densidade de rede e alto desempenho das soluções da Eutelsat com a baixa latência e a onipresença da constelação LEO da OneWeb para oferecer serviços de conectividade no mundo todo, totalmente integrados.

A Foxconn também já anunciou planos para lançar um satélite LEO fabricado em Taiwan no próximo ano. O satélite deve pesar cerca de 12 quilos e completará uma órbita terrestre a uma altitude de 550 quilômetros, 15 vezes por dia, segundo a empresa. Em agosto passado, durante uma teleconferência com investidores sobre os resultados financeiros do segundo trimestre, o presidente da Foxconn anunciou uma parceria estratégica com a Microsoft no setor de satélites de órbita terrestre baixa. O objetivo é criar uma solução de Internet espacial, voltada a três aplicações principais: Internet para veículos, cidades inteligentes e infraestrutura de comunicação Beyond 5G (B5G).