5G para IoT: Novo serviço leva alcance das redes até o espaço

A Telefónica, por meio de suas divisões Telefónica Tech e Telefónica Global Solutions (TGS), e a Sateliot estão desenvolvendo um serviço que vai integrar a nova rede de satélites da Sateliot às redes NB-IoT terrestres da Telefónica Tech para garantir conectividade a dispositivos IoT onde quer estejam, inclusive com cobertura marítima.

O objetivo é complementar as ofertas da Telefónica Tech com um serviço global de satélite usando constelações de órbita baixa (Low Earth Orbit – LEO) – que operam a uma altitude bem abaixo dos satélites geoestacionários tradicionais -, proporcionando conectividade 5G NB-IoT. Além disso, sendo compatível com os padrões 3GPP, o serviço permitirá que os dispositivos NB-IoT se conectem perfeitamente às redes terrestres existentes e à nova rede de satélites.

“Na Telefónica Tech, continuamos avançando com nosso portfólio de conectividade contando com os serviços mais inovadores do mercado. Estamos convencidos de que esse tipo de solução nos ajudará a consolidar nossa posição como referência em IoT graças à nossa plataforma Kite e outros projetos de inovação baseados em virtualização e na implantação de redes na nuvem. Conectividade via satélite 5G oferece soluções baseadas em padrões a clientes IoT que exigem ampla cobertura usando os mesmos dispositivos NB-IoT com que a indústria já trabalha”, explica Carlos Carazo, diretor de tecnologia e operações técnicas de IoT e Big Data da Telefónica Tech.

A arquitetura projetada pela Telefónica Tech, TGS e Sateliot integra nativamente a rede de satélites com nós da rede Kite, plataforma de conectividade gerenciada para IoT sobre a qual é possível controlar e monitorar linhas de energia em tempo real, remotamente por meio de um portal Web ou via APIs.

Na visão da Sateliot, ao levar o alcance das redes 5G até o espaço, está-se abrindo um caminho para o acesso em massa à conectividade em todos os lugares do planeta.

O novo serviço de conectividade 5G via satélite não exige o uso de outros dispositivos além dos já empregados na conectividade NB-IoT. A expectativa é que áreas de atividade como agricultura, navegação, parques eólicos e solares e pecuária sejam mais beneficiadas, já que precisam de cobertura em áreas remotas.

A intenção é iniciar os primeiros-piloto pré-comerciais ainda este ano. No entanto, o novo serviço já foi testado com sucesso, estendendo com a cobertura dos satélites a rede celular da Telefónica via roaming GSMA padrão. Foi usado um cartão SIM comum, provisionado na plataforma Kite da Telefónica Tech, em um dispositivo IoT celular, alternando-o perfeitamente para a rede da Sateliot. O teste foi presenciado pela Agência Espacial Europeia e demonstrou com sucesso como uma conexão padrão via roaming pode ser autenticada pela Telefónica em redes da Sateliot.

O teste também apresentou a implementação do ‘Store & Forward’, método de autenticação em duas etapas desenvolvido e patenteado pela Sateliot, criado para realizar roaming com operadoras de rede móvel e adaptado a redes não terrestres em órbita terrestre baixa (NTN LEO).

“A Sateliot alcançou um importante marco ao demonstrar com sucesso a integração de LEO e NTN (redes não terrestres, na sigla em inglês) com recursos de roaming no modo Store & Forward, juntamente com a autenticação em duas etapas em uma rede celular 5G”, destaca Antonio Franchi, chefe do programa espacial estratégico para 5G e 6G da Agência Espacial Europeia. Segundo o executivo, esse é um grande avanço no domínio dos serviços para IoT via satélite, e a integração bem-sucedida dessas tecnologias abre caminho para a digitalização do mundo, revolucionando o modo como aproveitamos os recursos de satélite para benefício da conectividade e da comunicação mundiais.

Mais sobre ‘Store & Forward’

A tecnologia Store & Forward faz parte de uma rede Sateliot 5G com acesso via satélite que armazena dados quando o satélite não está em posição de se conectar com uma estação terrestre e os encaminha conforme entra na faixa de cobertura. Esse é um recurso da Sateliot particularmente relevante para os serviços IoT tolerantes a atrasos, pois sua constelação está em estágio inicial e o número de satélites ainda é limitado.

Alguns estudos de caso nos quais a aplicação da Sateliot é importante são manutenção de poços de água privados, milhões de dólares em redução de custos de manutenção e reparos para companhias de navegação, assistência aos produtores de gado na luta para combater a caça furtiva e melhorar o controle do rebanho, e sistema de monitoramento de colheita de alta precisão para agricultores em todo o mundo.

“Esse é o culminar de anos de estudos e desenvolvimentos do procedimento de autenticação em duas etapas Store & Forward, que dá à Sateliot uma posição única para ampliação do roaming a aplicações NB-IoT NTN tolerantes a atraso. Estamos diante de uma virada de jogo nas futuras redes 3GPP, que reduzirá custos contando com constelações de baixa densidade e infraestrutura terrestre reduzida e minimizará os impactos no espaço e tempo de lançamento de produtos no mercado. É muito empolgante ver onde estamos e o que conquistamos. O setor de IoT está claramente voltado a padrões, e estamos entusiasmados em contribuir para isso”, afirma Marco Guadalupi, diretor de tecnologia da Sateliot.

A Sateliot está lançando a primeira constelação de satélites LEO baseada no padrão 5G, permitindo que dispositivos NB-IoT NTN celulares comerciais se conectem a partir do espaço. Esse também é um feito para as telecomunicações celulares terrestres, que se fundem perfeitamente com a conectividade via satélite. Segundo a Sateliot, sua tecnologia e a capacidade de usar dispositivos comerciais de baixo custo (abaixo de US$ 5) para se conectar a satélites abre muitas possibilidades no mercado de IoT em massa em áreas remotas ainda pouco inexplorado.